Manifestantes ignoram ordens do governo e seguem nas ruas de HongKong protestando por democracia. ‘Surda’ a protestos, a China contempla risco de descontrole em Hong Kong
Durante todo o dia houve uma atmosfera carnavalesca. Estudantes distribuíram garrafas de água, biscoitos, pão e bananas para os colegas participantes do protesto. Eles também ajudaram os manifestantes a escalar barricadas. Os autofalantes entravam em ação constantemente. E o protesto foi ganhando maiores proporções.
Edição e Imagens: Thoth3126@gmail.com
Milhares de manifestantes paralisaram um dos mais importantes centros financeiros do planeta, forçando empresas a fechar e fazendo bolsas de valores caírem. Em meio a arranha-céus brilhantes, os participantes do protesto exibiam cartazes exigindo pela democracia.
Fontes: http://dw.de/p/1DNND e http://www.bbc.co.uk/
PROTESTOS PRÓ-DEMOCRACIA VARREM HONG KONG
Moeda de troca
Essa é a maior campanha por desobediência civil em Hong Kong em anos. Alguns manifestantes carregavam guarda-chuvas decorados com a palavra “revolução”. A ação foi significativa, até para os padrões de Hong Kong, onde as pessoas têm direitos como liberdade de expressão garantidos – ao contrário do que acontece na China continental.
“Nós queremos que Pequim cumpra sua promessa e deixe as pessoas de Hong Kong controlarem a cidade”, afirmou o técnico de informática Joe Cheung, de 41 anos. “Não estamos preocupados com o que vai acontecer. Lutaremos até o fim. Precisamos defender nossa cidade”.
Alguns manifestantes se prepararam até para a violência. Organizadores prepararam tendas de primeiros socorros. A polícia queria tirar os manifestantes do distrito de negócios da cidade, mas ao contrário apenas aumentou o clima de provocação.
“Não posso acreditar que eles usaram gás lacrimogênio”, afirmou Gary Loong, de 32 anos, que se uniu à multidão depois de sair do trabalho. “Nós não queremos derramamento de sangue. Mas temos que fechar o distrito de negócios pois essa é a nossa única moeda de barganha”.
Inimigo público
Quando a noite caiu, aplausos ecoaram na multidão. Muitos trabalhadores de escritórios se uniram aos manifestantes ou se juntaram em pontes para assistir às cenas memoráveis.
Em diversas ocasiões, muitas pessoas levantaram seus telefones celulares com as luzes acesas. As únicas vaias foram proferidas pela multidão quando manifestantes levantaram um grande retrato de C.Y. Leung, o chefe executivo da região administrativa de Hong Kong. Para os manifestantes, ele é o inimigo público número um e deve renunciar.
Mas muitos outros moradores de Hong Kong não estão nas ruas e dizem acreditar que os manifestantes estão exagerando nas reivindicações contra Pequim. Eles também dizem temer que protestos crescentes podem levar à instabilidade e à fuga de capitais.
Mas apesar do grande desafio lançado pelos manifestantes, não há sinais de que Pequim está escutando. As manifestações são vistas como ilegais. E como ninguém parece disposto a recuar, o perigo é que os protestos saiam do controle.
O Movimento pró-democracia se fortalece após repressão policial. Protestos são os mais graves desde que ex-colônia britânica passou ao domínio chinês e representam um dos maiores desafios políticos para Pequim em décadas.
Milhares de manifestantes pró-democracia continuam acampados no centro de Hong Kong, nesta terça-feira (30/09), desafiando a ordem do governo regional para que, pacificamente, dispersem o protesto.
O movimento ganhou maior adesão após, no fim de semana, a polícia usar spray de pimenta e gás lacrimogêneo para tentar dissipar a manifestação. Desde o início dos protestos, 41 pessoas foram feridas e 78 foram detidas.
Sem as tropas de choque nas ruas, os líderes dos protestos estão pedindo aos manifestantes que permaneçam acampados até quarta-feira, Dia Nacional da China. Residentes da ex-colônia portuguesa de Macau, perto de Hong Kong, planejam uma marcha para esse dia. Apoiadores pró-democracia vindos de outros países também devem protestar, o que pode causar ainda mais desconforto a Pequim.
Os manifestantes continuam descansando sob guarda-chuvas, que viraram um símbolo do atual movimento pró-democracia, que impõe a Pequim um de seus maiores desafios políticos desde o episódio da Praça da Paz Celestial, há 25 anos.
Os manifestantes, que não têm um líder identificado, formam juntos um movimento composto, em grande parte, por estudantes informados e conectados à internet, que cresceram com liberdades não permitidas na China continental.
Bombas de gás contra os manifestantes
Na noite deste domingo para segunda-feira (29/09), os policiais atacaram o movimento pela democracia com bombas de gás lacrimogêneo, sprays de pimenta e cassetetes. Fontes da própria polícia falam em 38 feridos. Enquanto isso, o governo afirma que as forças policiais foram removidas porque “a situação nas ruas se acalmou”.
Na segunda-feira, em comunicado, o governo de Hong Kong pediu uma dispersão “o mais rápido e pacificamente possível”. “Já que a calma foi em grande parte restaurada nas ruas onde os cidadãos se reúnem, a tropa de choque foi retirada”, diz o texto.
Milhares de manifestantes continuavam, na manhã desta terça-feira, reunidos nos arredores do principal prédio do governo de Hong Kong, ignorando avisos de líderes do movimento de deixar o local por receio de que a polícia recorresse a balas de borracha.
Para se protegerem da repressão policial numa cidade que é famosa pelas chuvas, manifestantes têm usado guarda-chuvas como escudo.
“O guarda-chuva é provavelmente o símbolo mais marcante deste protesto em Hong Kong”, disse a parlamentar pró-democracia Claudia Mo. “Agora que o spray de pimenta se tornou tão comum, temos que usá-los contra isso. A polícia tem escudos de altíssima qualidade – nós só temos nossos guarda-chuvas.”
As exigências dos manifestantes
A China governa Hong Kong através de uma fórmula limitada de democracia, que confere relativa autonomia à região, mas não permite eleições independentes.
Os manifestantes querem o direito de escolher livremente seus candidatos, mas Pequim insiste em limitar as eleições de 2017 a um número restrito de nomes fiéis ao governo, com temores de que os apelos pró-democracia se espalhem para o seu território continental.
Os manifestantes também pedem a saída do líder de Hong Kong, Leung Chun-ying, que prometera uma ação firme contra os protestos. A agitação em Hong Kong é a pior desde que a China retomou a ex-colônia britânica, em 1997, após o fim de um acordo de 150 anos..
RPR/rtr/afp
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