CHURMAY, de VÊNUS – Parte III – Histórias do planeta MALDEK, da Terra e do Sistema Solar.
Traduzido do Livro “THROUGH ALIEN EYES – Através de Olhos Alienígenas”, páginas 71 a 99, escrito por Wesley H. Bateman, Telepata da Federação Galáctica.
“Nós somos o produto de milhões de anos de vidas. O que sabemos daqueles tempos determina quais emoções misturamos com nossos pensamentos e energiza os símbolos de nossos sonhos. Nossas experiências pessoais de vidas passadas fazem com que sejamos diferentes assim como os flocos de neve são diferentes uns dos outros. Devo então dizer isto: como você solicitou as visões de muitos seres, pode contar que ouvirá a mesma melodia quando eles cantarem sua canção, embora as letras de algumas nem sempre rimem com as que são entoadas por outras vozes do coro“. Sou Sangelbo de Temcain.
Tradução, edição e imagens: Thoth3126@gmail.com
CHURMAY, de VÊNUS – Parte III – Histórias do planeta Maldek, da Terra e do Sistema Solar. Traduzido do Livro “THROUGH ALIEN EYES – Através de Olhos Alienígenas“, páginas 71 a 99, escrito por Wesley H. Bateman, Telepata da Federação Galáctica.
Muitos meses depois, Yalput gravemente ferido chegou em casa nos braços de vários camaradas seus, que também estavam um tanto feridos. Yalput tinha vários cortes profundos e várias cabeças de flecha de sílex ainda cravadas em seu corpo. Meu pai saiu em busca de um médico. Voltou para casa com um velho sacerdote de Amon muito cansado, que ele encontrou cuidando de outros soldados feridos que haviam conseguido voltar a suas casas pelo delta.
Ele olhou para meu irmão e seus amigos gemendo e pediu uma taça de cerveja, que tomou, caindo em seguida no sono. Ninguém tentou acordar o velho sacerdote, pois tínhamos esperança de que ele tivesse um sonho no qual o deus Amon lhe diria o que fazer para salvar as vidas de Yalput e seus amigos.
Quando o sacerdote acordou, depois de algumas horas, ergueu-se e entoou algumas rezas, tomou uma jarra de cerveja como pagamento por seus serviços e nos deixou dizendo: “O destino desses jovens repousa agora nas mãos dos deuses.” Minha mãe atirou uma taça de barro nele. Ele não deu atenção pois a taça não o acertou, atingiu a porta de madeira e se espatifou.
Na tarde do dia seguinte, o cão começou a latir. Olhamos para fora pela porta e vimos dois homens, um alto e vestido como nobre, o outro bem mais baixo, muito magro e com a pele escura, vestindo apenas um saiote de couro. As cabeças do dois estavam raspadas à moda dos sacerdotes de Amon. O homem mais baixo acariciava com ternura o cão. Perguntamos aos estranhos o que queriam. Responderam: “Não há homens feridos aqui? Sabber, o sacerdote de Amon, não lhes disse que as vidas deles estavam nas mãos dos deuses?” Enquanto eles falavam, minha mãe começou a se armar com vários utensílios domésticos que podiam ser atirados. Meu pai a conteve com palavras de cautela.
O homem baixo nos pediu para ficar do lado de fora da casa e rezar para os deuses enquanto ele e seu companheiro alto e musculoso entravam na casa e fechavam a porta. Vinte minutos depois eles saíram. O homem baixo deu a minha mãe uma taça de barro que continha as cabeças de flecha que estavam no corpo de Yalput. Ela caiu de joelhos quando viu que a taça perfeita era a mesma que ela quebrara em vários pedaços quando a jogara no velho sacerdote.
Os dois estranhos pediram para ficar a sós no quintal e nos disseram para ir ficar à cabeceira de Yalput. Encontramos Yalput e seus camaradas despertos e conversando. Seus ferimentos, antes abertos, estavam fechados agora. Mais barulho fez com que olhássemos de novo o quintal. A área estava se enchendo de soldados e sacerdotes que estavam de quatro diante de nossos visitantes mágicos.
O homem mais baixo chamou minha mãe e lhe deu um cântaro com um ungüento cor-de-rosa, instruindo-a a passá-lo nas feridas daqueles que ele entregara a seus cuidados. Ouvi um soldado de joelhos chamar minha mãe que estava de pé: “Ajoelhe-se, mulher, diante de Zoser, Rei do Alto e do Baixo Egito, e de seu companheiro sagrado Imhotep, bem-amado do deus Amon.” Depois de um instante de choque e confusão, ela caiu de joelhos.
Imhotep: Alto iniciado sacerdote e Grão Vizir do Faraó Zoser, hoje um mestre Ascenso.
Quando o rei, seus soldados e sacerdotes partiram no lombo de camelos, permanecemos de joelhos com nossas cabeças abaixadas, aguardando que nosso pai nos dissesse quando fosse seguro nos erguermos. Quando ele nos disse para nos levantarmos, imediatamente caímos no chão outra vez, pois diante de nós, sentado sozinho na beirada de nosso poço de água e oferecendo a nosso cão sedento suas mãos em forma de taça cheias de água, estava o homem chamado Imhotep, o bem-amado do deus Amon.
Imhotep chamou meu pai pelo nome suavemente, então disse: “Hacar, venha a mim e traga consigo sua filha que você chamou Naya.” Quando começamos a rastejar lentamente até ele, ele disse mais alto: “Venham a mim andando.” Pediu a meu pai que se sentasse perto dele na beirada do poço e a mim que me sentasse a seus pés. Afagou minha cabeça e disse: “Então, esta é Naya, a bem-amada de Sobek, o deus-crocodilo.” Riu e disse: “Pensei que você fosse coberta de escamas verdes.” Riu novamente quando apalpei meus braços e olhei sob minha túnica para ver se lá havia escamas verdes.
Imhotep não ordenou a meu pai, antes perguntou-lhe com voz suave se ele poderia ir para o sul com ele para fazer ferramentas de metal para cortar pedras. Ele disse a meu pai que estava planejando construir uma mastaba (tumba retangular) de pedra que um dia guardaria e protegeria o corpo de seu amigo, o rei Zoser. Sem hesitar, meu pai concordou em partir imediatamente.
Imhotep se ergueu e disse: “Não, vá dentro de seis dias para o ponto no rio ao sul onde os barcos de coletores de impostos ficam atracados. Traga seus foles e Naya. Nós, que somos amados pelos deuses, devemos partilhar nossa grande sabedoria uns com os outros.” Imhotep então disse: “Creio que me deve uma caneca de cerveja.” Corri para a casa e voltei com uma caneca cheia da melhor cerveja de minha mãe. Então observamos Imhotep partindo rumo ao sul para se reunir a Sabber, o velho sacerdote de Amon. Imhotep deu a caneca de cerveja ao velho. Continuamos a observá-los até perdê-los de vista.
Em poucos dias, as feridas de Yalput sararam, sem deixar cicatrizes. Mesmo as cicatrizes que ele adquirira em suas brincadeiras infantis de guerra desapareceram. Minha mãe colocou a taça de barro, ainda com as cabeças de flechas, numa banquetinha de madeira no canto do maior cômodo de nossa casa e orava diante dela três vezes por dia pelo resto da vida. Na manhã do sexto dia depois daquele dia de milagres, meu pai e eu abraçamos todos de nossa casa e iniciamos nossa jornada para o sul. Meu pai carregava um grande fardo nas costas contendo seus foles e pedras de fazer fogo e eu carregava uma cesta de junco com queijo, pão, cebolas e cerveja. Pouco antes de nossa partida, minha mãe disse-nos entre as lágrimas: “Se encontrarem outros deuses, digam-lhes que nós, nessa casa, sempre fizemos de tudo para servi-los.”
Cerca de uma hora e meia depois, meu pai e eu chegamos ao local onde os coletores de impostos abicavam seus barcos. Lá encontramos, balançando-se suavemente ao ritmo das ondas do rio, um belo navio pintado de vermelho e preto. Uma prancha ia do navio até um pouco antes da margem, o que tornou necessário que caminhássemos dentro da água alguns metros para embarcar no vaso. Fomos recebidos e saudados por um homem vestido de fino linho branco. Ele perguntou a meu pai se ele era Hacar e se eu era Naya, amada de Sobek, o deus-crocodilo. Meu pai respondeu que sim. Na mesma hora o homem avisou outro que estava na proa do navio: “São eles. Com as bênçãos dos deuses, navegamos rumo ao sul.” O homem na proa gritou ordens, e tripulantes com varas empurraram o grande navio para longe da praia, dentro da correnteza na direção norte da mãe de todos os rios.
Quando nos afastamos da margem, foram estendidos remos e uma vela branca com a brilhante imagem verde e negra de Sobek foi desfraldada, imediatamente se enfunando com o vento que nos levaria a novas aventuras. Éramos os únicos passageiros, e passamos aquela noite ouvindo os cânticos e canções ritmados dos remadores. Naquela noite, aconteceu algo estranho. Um grande globo de luz se ergueu da água diante de nosso barco e desapareceu a alta velocidade no céu, deixando todos que o viram estupefatos.
Fui despertada pelo som da tripulação do navio descendo a prancha para fazer suas necessidades, se banhar e tomar o desjejum. Seu nobre mestre estava na popa do navio agachado sobre um pequeno braseiro, fazendo o que vocês chamam de tortilhas. Ele nos convidou para nos reunirmos a ele depois de fazermos a necessária visita à praia.
Do alto da prancha, contemplei um panorama do qual nunca me esquecerei. Na colina plana diante de nós, iluminadas pelos primeiros raios do alvorecer, estavam o que a princípio pareciam ser mais três colinas com picos agudos. Duas dessas colinas agudas eram brancas, e a maior das três era vermelha. Um remador que estava na prancha nos esperando descer, para que pudesse ir a bordo, viu o olhar de assombro em meu rosto e apontou para os objetos, proclamando com autoridade:
“Essas são as grandes rens (pirâmides) construídas há muito tempo pelos deuses.” Meu pai disse que ouvira falar dessas “montanhas dos deuses” e que ele me contara e aos outros de minha família sobre elas várias vezes. Recordei-me de que quando ele nos contou sobre essas coisas, eu imaginara que fossem muito distantes de nossa casa, num lugar onde somente os deuses tinham permissão de ir. Na época pensei: terei permissão de ver essas coisas sagradas por ser a bem-amada de Sobek?.
À medida que o Sol se erguia cada vez mais no céu, consegui perceber que a maior das rens não era totalmente vermelha, possuindo milhares de símbolos vermelhos pintados que cobriam seus lados. [Nota: esses símbolos não estavam originalmente na Grande Pirâmide, e sim antes do desaparecimento das duas Atlans (Atlântida). Fui informado que foram pintados na estrutura durante uma das chamadas Eras Douradas ocorridas antes da fundação daquele antigo reino, o de Atlântida. – W.B.]
No meio da tarde do dia seguinte, nosso navio novamente embicou. Vários outros barcos (não tão grandes como o nosso) estavam atracados, e as tripulações desses vasos descarregavam cargas que eram arrumadas por outros trabalhadores nas costas de mais de uma centena de camelos. Meu pai e eu relutantemente montamos num camelo; era a primeira vez para nós dois. Seguramos firme nos arreios e um no outro enquanto um homem caminhava na frente conduzindo o animal. Depois de entrarmos numa fila única de camelos, ouvimos o soar de tambores, e nossa caravana começou sua jornada para o oeste. Por cima do ombro, dei uma última olhada no belo navio que nos trouxera a este lugar.
Viajamos até o cair da noite e fomos convidados a nos sentarmos junto a uma das muitas fogueiras do acampamento e comer uma ceia de peixe assado com abóbora cozida e cebolas. Alguns dos homens que estavam ao pé da fogueira sabiam que meu pai era fabricante de espadas e o trataram com grande respeito. Vi seus olhos se encherem de orgulho quando anunciou, batendo no peito, que o conhecimento de metais não era sua única dádiva dos deuses, que para ele sua maior dádiva estava aqui entre o grupo na forma de sua filha Naya, amada de Sobek, o deus-crocodilo. Sua declaração foi seguida por sussurros e um número considerável de “oohs” e “aahs”.
Como tinha a palavra, por assim dizer, meu pai contou ao grupo do globo de luz que víramos se erguendo do Nilo na primeira noite de nossa jornada. Todo reagiram, como haviam feito a suas declarações anteriores, mas ficaram sentados como que aturdidos. Um homem se arriscou a dizer: “Apenas os deuses e Imhontep sabem o que era isso.” Papai então contou toda a visita de Imhotep a nossa casa e o convite que nos fizera para vir trabalhar para ele fabricando ferramentas de metal, o grupo escutou em silêncio enquanto meu pai repetia inúmeras vezes a história.
Um dos homens pediu a meu pai permissão para contar uma história sobre Imhotep que ele ouvira há pouco tempo. Seu pedido fez meu pai sentir-se muito importante, e fiquei feliz por ele. Meu pai concedeu sua permissão enquanto uma mulher colocava um fardo de peles de carneiro para nós dois nos sentarmos como convidados de honra, podendo, assim, ser vistos com mais facilidade pelos que estavam sentados mais afastados do centro do grupo.
O homem então começou sua impressionante história. “Ouvi dizer que quando Imhotep nasceu, era como qualquer outra criança, mas ainda muito jovem, os deuses vieram à Terra e o levaram embora. Muitos anos se passaram e, no terceiro ano do reinado do Rei Zoser, Imhotep voltou da morada dos deuses. Seu pai e sua mãe se lembraram dele e se rejubilaram ao vê-lo novamente. Ele lhes disse que os deuses tinham lhe concedido muito conhecimento e o haviam enviado de volta para casa com uma mensagem para o rei. Enquanto Imhotep estava com os deuses, sua pele escureceu muito, e se alguém ousasse olhar para sua nuca, veria os símbolos (tatuagens) em azul escuro que alguns pensavam dar-lhe poderes divinos.
Quando Imhotep compareceu diante de Zoser, o rei estava de muito mau humor, pois dentes infeccionados o afligiam, já tendo perdido vários deles, sendo quase impossível comer. Se não fosse pela aparência estranha de Imhotep, o rei certamente mandaria bater nele ou até mesmo matá-lo por ousar insistir em uma audiência real. Imhotep pediu para ser deixado a sós com o rei. Quando a corte voltou, encontrou o governante de muito bom humor seus dentes estragados não o estavam incomodando mais, e em uma semana nasceu-lhe outra dentição completa.” O narrador disse então que nada mais tinha a nos contar.
Todos sabiam que, daquela hora em diante, o rei Zoser e Imhotep quase nunca se separavam.Imhotep disse a Zoser que ele não podia fazer e não faria sua magia sob o comando do rei. A princípio, isso perturbou o rei, mas ele depois aceitou as condições de Imhotep que apequenavam seu ego de rei, conferindo-lhe os títulos de Primeiro da Casa Real e Grão-Vizir. Ao alvorecer, montamos outra vez em nossos camelos e, enquanto prosseguíamos, comemos pedaços de bolo de tâmaras. Antes do meio-dia chegamos a uma área nivelada do solo chamada naquela época o “local do trabalho divino,” hoje chamada Saqqara. Ao chegarmos, o lugar estava ocupado por cerca de 2.500 pessoas, e centenas mais chegaram diariamente por pelo menos uma semana.
Nossa caravana foi recebida por um jovem escriba de nascimento nobre cujo escravo chamava nossos nomes repetidas vezes. Quando nos identificamos, o escriba cruzou os braços sobre o peito e curvou-se como se faz diante de um sacerdote ou nobre. Retribuímos sua saudação. Fomos levados à única construção de pedra que existia na área, situada atrás de várias colunas. As ruínas de várias outras construções a circundavam, O escriba nos disse que essas estruturas haviam sido construídas no passado muito remoto pelos deuses. Disse-nos também que ali era o lar de Imhotep e nos pediu para esperar. O interior estava vazio, exceto por Sabber, o velho sacerdote de Amon, que dormia profundamente roncando alto.
Algum tempo depois, o escriba voltou com dois homens que identificou como Subto e Brugrey. Esses homens providenciariam nossa alimentação e abrigo e ajudariam meu pai com seu trabalho. O escriba deu a cada um de nós um rolo de papiro, que devíamos mostrar a qualquer um dos vários encarregados para obter sua cooperação ou auxílio. Não sabíamos ler os hieróglifos nos rolos, mas o que quer que dissessem fazia com que os que sabiam lê-los atendessem com bastante rapidez nosso pedidos.
Meus pai pôs nossos ajudantes a trabalhar a construção de uma casinha de tijolos de barro para nós. Bastou agitar um de nossos rolos para que os tijolos, postes e o telhado de folhas de coqueiro fossem armados em menos de uma hora no local por nós escolhido. Com esses materiais de construção chegaram mais trabalhadores. Ao cair da noite, sentamo-nos junto ao fogo aceso em nosso novo lar totalmente terminado. No dia seguinte, tapetes, cestas e utensílios de cozinha começaram a se acumular diante de nossa porta. Aproveitando o ensejo. Subto e Brugrey também mandaram construir um abrigo para eles. Logo se reuniram a eles suas mulheres e vários filhos. As mulheres de suas casas cozinhavam nossa comida e lavavam nossas roupas finas de linho, que encontráramos na soleira de nossa porta. Quando meu pai vestia suas belas roupas (o que era raro), era sinal de que não iria trabalhar naquele dia.
Meu pai achou de qualidade inferior os detalhes e a feitura de muitas das jóias usadas pelos escribas e nobres. Ele tinha certeza de que conseguiria fabricar peças bem melhores. Preenchia todo seu tempo livre desenhando e fazendo figuras de barro das quais esperava algum dia fazer moldes. Quando nossa casa ficou cheia de suas criações, ele foi forçado a colocá-las em um poço revestido de argamassa coberto por pranchas de madeira localizado atrás de nossa casa (uma antiga versão egípcia do armário embutido). Menciono esse fato porque uma de minhas esperanças é novamente visitar a Terra quando a Barreira de Freqüência desaparecer e recuperar esses tesouros, que sei ainda existirem no lugar em que meu pai naquela vida originalmente os guardou, há milhares de anos.
Passaram-se vários meses e a construção da mastaba (tumba) do rei foi afinal iniciada. Meu pai trabalhava em sua forja desde o alvorecer até tarde da noite, produzindo talhadeiras e serras. Numa tarde chuvosa, quando eu estava sentada conversando com Tunertha, mulher de Subto, sob o telhado que se estendia em frente à nossa casa, o velho Sabber, sacerdote de Amon, veio cambaleando pelo caminho. Usando gestos e palavras ininteligíveis, consegui passar seu recado — que Imhotep queria que meu pai e eu fôssemos a sua casa para uma importante reunião. Pintados no chão da casa de Imhotep estavam os projetos de um ataúde de metal capaz de comportar um corpo humano. Ele queria que meu pai fabricasse doze deles.
A seguir, pediu que eu e minhas servas tecêssemos doze barcos de papiro com tampa que comportassem os ataúdes e que pudessem ser vedados com piche para tomá-los à prova d’água. Descobrimos depois que esses barcos para ataúdes levariam Nilo abaixo doze ancestrais mumificados do rei até deuses que os aguardavam, que os levariam para um além-vida num grande globo de luz. A história dos “barcos dos mortos” de Imhotep foi transmitida de geração a geração. As pessoas de épocas posteriores colocavam seus mortos, seus doentes graves e seus filhos famintos (em tempos de fome) em barcos de junco, na esperança de que os deuses os tirassem do rio, levando-os para um lugar onde pudessem viver novamente. Está escrito que Moisés, amado do El da Terra, foi colocado no Nilo dessa forma para salvá-lo de ser morto por ordem de um rei.
Cada ataúde e barco de junco que meu pai entregava na casa de Imhotep já tinha desaparecido quando o seguinte era entregue. Embora Imhotep não pedisse mais ataúdes de metal, sua demanda de barcos de junco de vários tamanhos continuou. A área ao redor de sua casa ficou coberta de pilhas deles, um em cima do outro. Nas proas meu pai colocava figuras de metal de animais tais como o íbis, o gato, o morcego e o touro. Dentro da casa havia um número considerável de sacerdotes de Amon sempre às voltas com a mumificação desses mesmos tipos de criaturas, que eram por fim lançadas à deriva no Nilo sempre na primeira noite de lua cheia.
Nos três anos em que nos ocupamos dos projetos especiais de Imhotep, a construção da mastaba do rei ZOSER e do átrio de Heb-Sed foi concluída, e o rei corria pelo átrio realizando os rituais destinados a renovar sua força física e confirmar seu direito divino de dominar o Alto e Baixo Egito até a data do próximo jubileu de Heb-sed. Nessa mesma época, minha mãe, quatro de minhas irmãs mais novas e nosso velhíssimo cão vieram morar conosco. Minha mãe também trouxe sua taça sagrada cheia de cabeças de flechas e mais tarde tomou-se líder de um grande grupo de adoradores da taça. Nosso cão desapareceu durante vários dias e, quando o vi de novo, estava na companhia de Imhotep e do velho sacerdote Sabber. Mal se podia reconhecer o velho cão; corria de lá para cá e brincava como um filhote e nunca mais voltou para nossa casa.
O tempo se passou e a casa de meus pais ganhou mais cinco crianças. Casei-me com um vidreiro de minha idade trazido a mim certa manhã e apresentado por Imhotep. Depois de dizer que achava que deveríamos nos casar, Imhotep deixou o rapaz de pé em frente de nossa casa, descansando numa perna e depois na outra. Seu nome era Keerey e meu pai imediatamente passou a chamá-lo de Filho. Os dois mais tarde colaboraram na produção de jóias de vidro e metal.
Nos anos que se seguiram, Imhotep ampliou a mastaba do Rei Zoser até transformá-la numa pirâmide de degraus com seis níveis. Três dias depois de a última pedra de revestimento de calcário ser colocada na pirâmide, o rei morreu. Perguntei por que o rei foi enterrado na pirâmide em vez de lançado no rio como seus doze ancestrais. O velho sacerdote Sabber me disse que os deuses viriam mais tarde buscar o corpo do rei. Depois do enterro de Zoser, Imhotep e Sabber desapareceram para nunca mais serem vistos.
Tive três filhos — dois meninos e uma menina. Exceto por Yalput, toda nossa família veio do delta do rio Nilo para morar conosco. Ganhávamos a vida vendendo jóias de vidro e metal aos turistas que vinham ver a pirâmide. Acima de nossa porta havia uma placa de madeira com a imagem de um crocodilo e hieróglifos que diziam: “Neste local moram o pai e o marido de Naya, amada de Sobek, o deus-crocodilo.”
Vivi até os 68 anos e meu corpo foi mumificado. Em razão de meu status “sagrado,” meu corpo foi colocado numa câmara inferior da pirâmide do Rei Zoser, pois os que sobreviveram a mim tinham esperança de que os deuses o levassem juntamente com o corpo do rei para o céu. Os corpos de meu pai e de minha mãe também foram mumificados e enterrados entre os modelos de formas de barro de meu pai no poço atrás de sua morada.
Continua…
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