ATLÂNTIDA, A RAINHA das ONDAS dos OCEANOS
“O propósito desta história é relatar o que conheci pela experiência, e não me cabe expor idéias teóricas. Se levares alguns pontos pequenos deixados sem explicação para o santuário interior de tua alma, e ali neles meditares , verás que se tornarão claros para ti, como a água que mitiga a tua sede. . . “Este é o espírito com que o autor (Philos, o Tibetano) propõe que seja lido este livro. E chama de história o relato que faz de sua experiência. Que é história?. . . Ao leitor a decisão.
“Nunca pronuncies estas palavras: “isto eu desconheço, portanto é falso“. Devemos estudar para conhecer; conhecer para compreender; compreender para julgar“. – Aforismo de Narada.
Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com
Fonte: http://www.sacred-texts.com
Livro: “Um Habitante de Dois Planetas”, de Philos, o Tibetano – Livro Primeiro.
CAPÍTULO XXI – O ERRO DE TODA UMA VIDA
O erro de toda uma vida. A exigência do carma. Remir não é desfazer. Cristo remiu – nós devemos desfazer. Reencarnação é expiação e busca do equilíbrio
A comparação é um excelente exercício. Devo ao leitor e a mim mesmo, e também a Anzimee e Lolix, entregar-me à inclinação que sinto neste momento de fazer uma comparação analítica dessas duas mulheres. O que fixou tão inalteravelmente meu desejo de desposar Anzimee e não Lolix?
Ambas eram de condição nobre, a primeira por natureza, a segunda. . . sim, a segunda também por natureza. Entretanto, eu estava a ponto de atribuir a doce caridade de Lolix à percepção que ela tinha da infelicidade que sentia vendo-se colocada em igual situação com os que sofrem de fato. Mas a capacidade de ter essa percepção só poderia provir de sua natureza. Não, tratava-se da natureza dela, finalmente evoluída.
Ambas as mulheres eram refinadas, inteligentes e belas, embora seus tipos físicos fossem tão diferentes quanto os de uma rosa vermelha e um lírio do vale. Anzimee era filha natural da Atlântida; Lolix era filha por adoção. Uma pequena diferença, admito, já que ambas tinham sensibilidade e se harmonizavam com o belo, o bom e o verdadeiro, e estavam imbuídas do polido refinamento da erudita Poseid. Verdadeiramente, as relações entre Lolix e eu estavam erradas, mas nem por isso ela era menos querida por mim, nem minha opinião a respeito dela era menos terna e afetuosa.
Seu companheirismo tinha se tornado parte de minha vida. Se eu estava triste ou desanimado, ela demonstrava compaixão e me alegrava. Minhas ansiedades eram as dela, minhas alegrias suas alegrias. Em tudo, menos no nome, ela era minha esposa. Então por que não reconheci esse fato diante da humanidade? Porque o carma ordenou que fosse de outra forma.
Eu também amava Anzimee. Por esse amor, o carma operou para anular suaspróprias tendências de desposar Lolix. E o modo dessa operação foi demonstrado pelo meu reconhecimento de Lolix como possuidora de todos os requisitos necessários para me fazer feliz, a não ser por sua falta de percepção psíquica da relação entre finito e infinito.
Absurdo? Não. O fato de minha alma desejar tanto que ela tivesse essa capacidade e de descobrir que ela não a tinha, e de ter encontrado isso em Anzimee, evidenciava o crescimento da frágil semente do meu interesse pela vida oculta dos Filhos da Solitude que, de alguma forma, tinha amadurecido através das palavras do Rai Ernon de Suern, anos antes. Dizes que se um interesse tão pequeno causou tanto erro, um outro mais profundo causaria a perda da alma e portanto não queres ouvir falar disto?
Estás enganado. Não foi o fato de eu não ser verdadeiro para com o ideal, para com minha alma, que causou todo o mal; no mito da mulher de Lot, ela jamais teria se transformado numa estátua de sal se tivesse obedecido, não à curiosidade mas à injunção maior. Lolix não tinha a mínima percepção desse elo psíquico entre as coisas da terra e do infinito. Eu a tinha e sabia que Anzimee também. Por isso planejei minha vida para incluir Anzimee e excluir Lolix, e com isso fiz uma grande injustiça a ambas, a mim mesmo e ao meu conceito de Deus (o que é uma expressão redundante, pois nenhum ser finito poderia ferir o infinito).
Entretanto o carma estava à minha espera, pois o mal de minha vida exigia retribuição, que foi integralmente recebida; não há palavras que possam descrever o sofrimento da expiação, nem me proponho tentar fazê-lo; ficarei contente se a compreensão de uma parte dela impedir outros de pecar, pela certeza de que não existe expiação viçaria de um mal feito e não há como escapar de sua penalidade.
A lei do UNO diz: “A menos que o homem atinja o autodomínio, não herdará Minha Vida; não serei seu Deus nem ele será Meu Filho”. Só há um caminho para essa superação: os repetidos mergulhos em encarnações materiais, até que os erros da vontade pessoal EGOÍSTA sejam expiados a contento da Vontade Divina.
Não pode haver compensação vicaria* e logo mostrarei por que. Um outro ser não pode respirar em teu lugar. A reencarnação, o aprisionamento repetido da alma na carne é uma expiação, aprendizado e uma penalidade. Se em Seu Nome te libertas, se dessa forma alcanças a superação e em lugar de seres escravo do desejo tornas-te o seu senhor, então desfazes o pecado.
E não haverá mais encarnação para ti nesta morte erroneamente chamada vida. Não há outro Caminho, o Grande Mestre não apontou nenhum outro. Para expiar meu negro passado devo voltar ao mundo, teu mundo de pecado, tristeza, doença e sofrimento, e uma insatisfeita ânsia de paz que ultrapassa a humana compreensão.
Não são meus doze mil e tantos anos vagando neste mundo, longe da casa de meu Pai, alimentando-me com as cascas vazias da chamada alegria, sofrendo as febres, dores e decepções do mundo, uma expiação suficiente? Não, por mais um pouco deverei servi-Lo de boa vontade, impelido pelo amor. Algumas almas terão mais do que eu, se não se desviarem.
Que diz a tua vontade? A vontade é o único Caminho para o conhecimento cristão oculto ou esotérico. Aquele que para isso dirige a vontade, terá a Vida Eterna. Mas a vontade de superar deve ser maior que a vontade do desejo, assim como o ar fresco substitui as exalações de nossos pulmões.
* NOTA – Ver nota de rodapé à página 245.
Assim como a atmosfera está à nossa volta e se torna nossa respiração ao ser aspirada, assim também a Vontade do Espírito está à nossa volta e, entrando no coração determinado a subjugar e submeter a serpente, não nos deixa sofrer derrotas. Eu e Lolix recusamos esse Sopro e por falta de vontade voltamos-lhe as costas. Oh! O horror, a dor daquele tempo perdido, perdido junto com ela! Mas reencontrado por nós pela superação. Sinto ter de admitir que minha ubiqüidade moral deturpou o meu caráter faz doze mil anos! A Vontade, o querer, é o único Caminho que leva a Cristo.
Não é arrasador pensar que, tendo decidido livrar-me de Lolix e instalar Anzimee em seu lugar, desposando-a diante da humanidade, eu tenha sido capaz de usar o fato de conhecer bem Lolix e confiar em sua aquiescência em manter meu segredo por causa de seu generoso amor por mim? É monstruoso! Eu sabia que Lolix não fazia as coisas pela metade. Tendo se entregue a mim, nunca exporia minha iniqüidade, ainda que eu a rejeitasse por outra mulher. A sociedade não censura uma mulher traída. Em prosseguimento ao meu plano, resolvi obter a confirmação do amor há muito confessado pelas atitudes de Anzimee. Depois disso, eu contaria os fatos a Lolix sem reserva, entregando-me à sua mercê.
Depois de todos esses séculos e milênios – Deus seja louvado! – a reparação está completa, mas ainda olho para o registro dessa parte de minha existência como Zailm e me espanto por minha confissão não queimar o papel em que foi escrita. A torpeza moral é uma coisa terrível, pois embora eu tivesse consciência de que minha ação era pecaminosa, só tinha uma percepção muito vaga de quão monstruosamente negra ela era. Leitor, poderás dissociar-te suficientemente do horror que sentes para te interessares pelo relato de minha declaração de amor a Anzimee, feita depois que consegui ocultar a meus próprios olhos o mal que trazia em meu íntimo?
Essa ocultação pode ser quase inútil, contudo é possível afastar qualquer coisa de nossa vista, a algum grau pelo menos. ‘Aquele pode sorrir e sorrir, e ainda assim ser um vilão. Fica mais particularmente fácil sorrir quando o mal está tão longe, no passado; quando foi expiado e o vilão já deixou de ser vil. Perdoa-me por falar no Caminho da remissão.
De todos os milhares de anos de minhas vidas a que só posso aludir de passagem nesta história, pude tirar uma lição ensinada por essa fatigante peregrinação, a qual desejo do fundo da alma que aprendas. Pois anseio por minha libertação, quando então poderei ir para os abençoados reinos que meus olhos viram e meus ouvidos ouviram e nos quais estive, com Ele que abre o que ninguém pode fechar e fecha o que homem algum pode abrir.
Então ouve e aprende estas coisas, pois enquanto qualquer um que leia minhas palavras as despreze e se recuse a conhecer e palmilhar o Seu Caminho, continuarei impedido de receber minha parte da Grande Paz, até que Seu Espírito cesse de lutar contigo ou de entravar. Estou obrando e me sacrificando para que possas conhecer esse Caminho e palmilhá-lo.
Entretanto, alguns que me lêem estarão entre aqueles que, negando-O, serão por Ele negados. Dentre todos os gloriosos sistemas do mundo, só a Terra nega, porque embora seus habitantes bradem “Senhor, Senhor!”, odeiam uns aos outros em seucoração dominado pela serpente. Não julgues que uso uma figura de linguagem quando digo “serpente”.
Os micros-copistas sabem do que falo. “Aquele que semeia para a carne, dela colherá a corrupção; mas aquele que semeia para o Espírito, deste receberá a Vida Eterna”. Os que estão vivos crucificaram a carne com suas afeições. Alguns fecharão os olhos e ouvidos à mensagem que Dele recebi. Com isso, a semente da Vida Eterna será eliminada de suas almas e eles morrerão.* Mas os que se voltarem para o Caminho não serão banidos. Ele conhece os que são verdadeiros. “Mantende vossas candeias acesas e sede virgens sábias e não insensatas”.
* Com relação a isso, leia a última página deste livro, que encerra a história apresentada de uma vida redimida sobre Sua Cruz.
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