Serie De Ficção Cientifica Brasileira: A nossa vida é repleta de magia quando entendemos, e unimos a nossa sincronicidade com o todo. “A Harpa Sagrada” inicia-se numa serie de revelações onde o homem tem sua essência cravada no sagrado, e o olhar no cosmos aspirando sua perfeição.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Atlântida – Um Habitante de Dois Planetas – 22


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Atlântida, a rainha das ondas dos oceanos.  
“O propósito desta história é relatar o que conheci pela experiência, e não me cabe expor idéias teóricas. Se levares alguns pontos pequenos  deixados sem explicação para o santuário interior de tua alma, e ali neles meditares , verás que se tornarão claros para ti, como a água que mitiga a tua sede. . . Este é o espírito com que o autor (Philos, o Tibetano) propõe que seja lido este livro. E chama de história o relato que faz de sua experiência. Que é história?. . . Ao leitor a decisão.
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medo é a emoção predominante das massas que ainda estão presas no turbilhão da negatividade da estrutura de crença da (in)consciência de massa. Medodo futuromedo da escassez, do governo, das empresas, de outras crenças religiosas, das raças e culturas diferentes, e até mesmo medo da ira divina. Há aversão e medo daqueles que olham, pensam e agem de modo diferente (os que OUVEM e SEGUEM a sua voz interior), e acima de tudo, existe MEDO de MUDAR e da própria MUDANÇA.  Arcanjo Miguel
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Edição e imagens:  Thoth3126@gmail.com
Livro: “Um Habitante de Dois Planetas”, de Philos, o Tibetano, Livro Primeiro, Capítulo XXII – Zailm pede Anzimee em casamento. 
CAPÍTULO XXII – ZAILM PROPÕE CASAMENTO A ANZIMEE
Zailm pede Anzimee em casamento. Ela confia a feliz notícia a Lolix, quedesmaia mas não trai o segredo de Zailm e dela.  O choque desequilibra sua mente e ela aparece diante da assembléia reunida no Grande Templo, onde ocorre uma cena surpreendente que termina com a morte dramática de Lolix pelas artes mágicas do Grão-Sacerdote Mainin.
Minha mente estava totalmente ocupada com uma questão primordial, a das palavras que iria usar para propor casamento a Anzimee. Esse tipo de preocupação é igual para todos os apaixonados de qualquer raça ou nação, em que os casamentos não sejam arranjados pelos pais. Tendo resolvido qual a hora em que eu faria a momentosa pergunta, procurei Anzimee. A informação de que ela estava no palácio Roxoi, um dos três reservados para uso do Rai, me perturbou bastante. Lolix residia em Roxoi desde que eu havia manobrado sua saída do Menaxithlon. Isso entretanto não me demoveu do intento de ver Anzimee.
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Enquanto viajava as quarenta milhas que me separavam de Roxoi, ponderei a nova situação. Eu sabia que as duas moças eram amigas, fato que poderia complicar as coisas. Chegando em Roxoi, encontrei Anzimee no jardim, sentada perto de uma cascata que se despencava de uma escarpa artificial num pequenino lago. Ela estava sozinha. Quando percebeu minha presença perguntou, surpresa. 
“Onde está Lolix?”
“Onde?” – repeti. “Não sei. Disseram-me que ela estava contigo”.
“E estava. Mas ela saiu no meu vailx, dizendo que iria te buscar, para
que nós três fôssemos passear juntos”.
Pensei depressa. Eram quarenta milhas até o Menaxithlon voando para o sul. O vailx portanto levaria mais ou menos o mesmo número de minutos para chegar lá e mais quarenta para voltar. Oitenta minutos seriam suficientes. Sentando-me ao lado de Anzimee, prendi sua mão na minha. Eu fizera isso muitas vezes e também costumava passar o braço por seu ombro, mas de uma maneira fraternal. Naquele momento entretanto o simples toque de seus dedos teve um efeito elétrico e ela detectou imediatamente a intensidade da emoção que me dominava. A elaborada linguagem que eu tinha planejado usar me fugiu e, ao invés de tentar recapturá-la, eu disse simplesmente:
“Anzimee, palavras especiais conseguiriam aumentar tua certeza do meu amor por ti? Não as encontro, mas assim mesmo te peço, minha menina, para seres minha esposa!” Ela respondeu com uma frase igualmente breve:
“Que assim seja, Zailm!”
O que se passou em seguida o leitor pode imaginar; tua fantasia dirá melhor o que houve, pois certamente isso não é difícil de visualizar. Quando Lolix voltou, eu me despedi sem parecer estar fugindo, pois ela tinha se atrasado, de modo que três horas tinham decorrido desde sua partida. Eu sabia que nada era mais certo que Anzimee confiar sua alegria a I.olix, mas isso não me causou perturbação. Eu confiava completamente em que Lolix não trairia nosso segredo, por mais pesado que fosse o golpe que ela teria de suportar. Como calculei, Anzimee contou que eu a pedira em casamento e que ela havia concordado. Anzimee disse mais tarde que sua amiga tinha olhado para ela por algum tempo e em seguida caíra desfalecida no chão.
Quando voltou a si, parecia tão calma que Anzimee não pensou em questionar a explicação de Lolix de que o nervosismo tinha causado o desmaio. Isso tudo aconteceu à tardinha. Anzimee, cheia de sentimentos felizes, ajudou Lolix a ir para a cama, dispensou os atendentes, acarinhou-a até que dormisse e voltou para casa. Eu só soube desses fatos no dia seguinte. Achei melhor falar com Lolix imediatamente, enfrentar sua dor e acabar com a angustiante situação. Pobre e iludido mortal!
Fui até Roxoi e entrei no Xanatithlon para esperar a chegada de Lolix a quem tinha mandado um recado de que queria vê-la ali. Ela chegou. Parecia que dez anos tinham se passado desde a última vez que eu a vira. Pálida e abatida, com grandes olheiras escuras sob os lindos olhos azuis que se encheram de lágrimas quando ela me viu. Pobre moça! Meu pensamento foi: o que se há de fazer? Só senti uma pequenina dor de consciência, pois as escamas do pecado eram espessas e abafavam a voz  da alma.  Lolix foi a primeira a falar:
“Ó meu amor, meu amor! Por que fizeste isso? Pensas que posso continuar vivendo? Faz muito tempo que sei que não existe nenhuma lei em Atlântida impedindo nossa união e esperei que fizesses o que era certo; confiei em que logo chegaria o dia em que me pedirias para partilhar teu conceituado nome. Mas. . . Ó Incal! Meu Deus! Meu Deus!”
Exclamou ela, caindo em pranto e logo se controlando. Então, com a voz mais calma, cheia de dor, Lolix continuou:
“Zailm, amo-te demais, mesmo agora, para te admoestar! Sou tua para fazeres de mim o que quiseres. Dei-te minha vida há muito tempo. Eu te dei um filho que colocaste numa casa onde ninguém pudesse suspeitar de quem nós fossemos seus pais. Fiz mais ainda – houve um outro que. . . Ó Incal, perdoa-me! Eu o mandei para o Navazzimin para que ele não te acusasse, Zailm! E agora eu, a quem chamaste tantas vezes “tua amada de olhos azuis”; eu que te amo mais do que minha própria vida, sou deixada de lado! Ó Deus! Por que devo sofrer assim? Por que recebo tão duro golpe?”
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Ela caiu num pranto desesperado e eu não tentei fazê-la parar, sabendo que às vezes uma crise de choro é um alívio divino. Então ela me amava a tal ponto? Tolo! Louco por não ter percebido isso por suas ações, que falavam mais alto que qualquer palavra. Naquele momento meu coração me doeu realmente e orei, orei a Deus pedindo perdão; e orei por ela. Tarde demais! A consciência finalmente se fez presente, despertando para me atingir, apresentando-se como Minerva, pronta e armada para o combate. Quando Lolix recuperou a calma, disse num tom trágico que eu desconhecia nela:
“Zailm, eu te perdôo. Nem por esta ação te trairei, pois eu te amei, continuarei a amar-te até a morte e mesmo depois dela, se é verdade que o amor sobrevive à tumba. Se vieste dizer palavras de adeus, assim seja! Mas agora deixa-me, porque estou a ponto de enlouquecer! Lembra, meu amado, se tua nova vida não for feliz, embora eu ore a Incal para que seja, que existe um coração que bate por ti com mais calor, mais carinho e talvez com mais sinceridade que o de tua nova amada. Não viverei por muito tempo, como uma sombra em tua vida. Beija-me uma vez mais como se eu fosse tua legítima esposa diante do mundo, como eu o sou aos olhos de Incal; como se eu tivesse morrido e estivesses a ponto de confiar meu corpo à luz do Maxin.”
Com essas palavras ela se calou, tendo se levantado e se aproximado de mim, colocando os braços em meu pescoço, num abraço convulsivo. Ficou um momento assim e então seus lábios, frios como alguém que tivesse a morte por companhia, uniram-se aos meus num longo beijo entrecortado de soluços! Ela me soltou, deteve-se por um instante e partiu. Assim foi que ela me deixou. Por muito tempo fiquei sentado no meio das flores no grande conservatório em Roxoi. A flor se abriu com brilho — mas ocultava um verme, o luar luziu tão belo – mas havia nódoas em seus raios; docemente murmurou a brisa – mas sussurrou infortúnios, e havia um gosto de amargura no suave fluir do rio.
O CARMA DISPÕE
Naquela noite os proclamas de meu próximo casamento com Anzimee seriam anunciados pelo Incaliz Mainin no grande templo, pois em acontecimentos de alto nível social era costume emprestar uma formalidade maior ao caso. Se durante a cerimônia ocorresse uma morte no recinto do Incalithlon, o costume decretava que um ano inteiro deveria passar antes da consumação dos ritos do matrimônio. Em qualquer outra circunstância, um mês deveria transcorrer após os proclamas, que eram tornados públicos imediatamente após o noivado. Por razões pessoais, Mainin, o Incaliz, não desejava que Anzimee se casasse com quem quer que fosse; mas como não tinha autoridade sobre ela, a quem pouco conhecia,
seu desejo foi mantido em segredo. 
Na hora marcada, Anzimee e eu estávamos diante de Mainin, o Incaliz, no Ponto Sagrado. Ao nosso lado estavam Gwauxln e Menax, e nós cinco éramos o ponto focai da atenção das muitas pessoas presentes. Com uma voz clara e pausada, o Incaliz começou uma invocação a Incal. No meio da oração uma mulher cruzou rapidamente o triângulo do Ponto Vital, no centro do qual estava o Maxin. Era Lolix. Estava muito bem vestida, como gostava de sempre estar. Além do brilho assustador de seus olhos nada vi de extraordinário em sua aparência. O ato de penetrar no Ponto Vital não era permitido e isso fez com que todos os olhares se voltassem para ela. Entrar ali significava um apelo à autoridade do Rai.
“Que queres?” -perguntou o Rai Gwauxln.
“Zo Rai, em Salda, minha terra natal, era costume que pessoas de qualquer sexo pedissem em casamento quem desejassem. Eu cortejei este homem, o Astika Zailm, ignorando que ele amava minha amiga. Como podia eu saber? E agora, te peço, contesta estes proclamas, como é de teu direito fazer.”
“Mulher, sinto muito por ti! Mas os costumes de Salda não são os de Poseid. Não concedo o que me pedes.”
Eu tinha sentido um receio paralisante de que meu crime fosse revelado. Mas o medo amainou quando a delicada e graciosa figura de Lolix se afastou e desapareceu no meio do público. Então os proclamas interrompidos tiveram prosseguimento. Quando Mainin perguntou a Anzimee:
“Declaras que é teu desejo desposar este homem?” ela respondeu:
“Sim.”
“E tu, declaras que é teu desejo desposar esta mulher?”
“Sim, se Incal aprovar”.
Quando pronunciei estas palavras, os procedimentos foram novamente interrompidos por Lolix que novamente penetrou no Ponto Vital, só que desta vez correndo, como se estivesse sendo perseguida. Diante da enorme chama da Luz Perene do Mexin ela parou e disse: 
“Incal o impedirá! Vê, venho desposar-te agora, Zailm, aqui mesmo! O Deus das almas desencarnadas será nosso Incaliz, esta adaga nossos proclamas!”
Eu deveria ter prefaciado a narração das perguntas feitas a Anzimee e a mim explicando que, após a invocação de Mainin, este, Anzimee, eu, o Rai e Menax, tínhamos deixado o Ponto Sagrado e nos dirigido para o Ponto Vital, de modo que naquele momento Lolix estava ao meu lado. Ao falar da adaga suas palavras eram calmas, embora ditas rapidamente – era a calma da insanidade! Enlouquecida pelo curso que eu havia tomado, Lolix viera até ali com seus gloriosos olhos azuis iluminados pela insânia. Com as últimas palavras ainda nos lábios, ela atacou meu peito com a afiada arma. Desviei o golpe com o braço, que foi perfurado de lado a lado pela adaga. Quando ela a puxou com toda a força, o sangue jorrou e manchou o piso de granito. Ao ver o sangue ela soltou um terrível grito, dizendo em seguida:
“Louca! Louca! LOUCA!”
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A cerimônia de casamento no Incalithlon, à frente do cubo Maxin com o livro e sobre este a chama eterna.
E com um salto chegou ao centro do Ponto Vital, onde ficou junto ao cubo do Maxin. Anzimee desmaiou; Menax parecia petrificado, olhando para o meu sangue que escorria, enquanto Gwauxln, pálido mas controlado, disse a um guarda próximo:
“Prendam essa louca!”
A ordem do Rai atraiu a atenção de Lolix que disse ao soldado que se aproximava:
“Não, não me prenda. Perdi o controle por algum tempo, mas não sou louca. Quem me tocar será amaldiçoado por mim e morrerá no Maxin.”  
Sendo supersticioso, o soldado parou, pois não ousava tocar nela nem desobedecer o Rai. Em seu terror ele se voltou para o Rai e começou a se desculpar.
“Silêncio!” – ordenou Gwauxln com voz imperiosa. E então, com tom suave, disse a Lolix: “Mulher, aproxima-te de mim!”
“Não, Zo Rai! Neste lugar ao lado do Maxin ninguém pode fazer violência contra mim, segundo a lei. Portanto ficarei aqui!”
Dizendo essas palavras, Lolix arrumou o turbante que estava ligeiramente fora do lugar, cruzou os braços e, encostando-se no cubo Maxin, ficou olhando calmamente para o Rai. Este não se moveu, olhando primeiro para ela, depois para mim. Lolix, embora continuasse junto ao Maxin, havia assumido uma postura ereta e não estava em contato com o cubo. O Incaliz Mainin tinha ficado impassível durante todo o episódio e só então falou:
“Pois bem, Astiku de Salda, ficarás aí; na verdade, por muito mais tempo do que imaginas!” 
Ele falou com muita calma e suavidade, com os olhos na infeliz criatura. Quando se voltou para o Rai, viu a expressão de horror no rosto deste e, desviando apressadamente o olhar, terminou de ler os proclamas. Eu mal pude ouvi-lo, parcialmente preocupado com o braço que sangrava e parcialmente com Anzimee, que embora tivesse se recuperado um pouco ainda estava semidesfalecida, apoiando-se em mim para não cair. Quando a cerimônia foi completada, Rai Gwauxln, colocando as mãos em nossas cabeça, disse:
“Não é só um ano que deve passar antes de vosso casamento, mas muito mais tempo! Zailm, eu te perdôo por teus pecados tanto quanto tenho autoridade para te perdoar, no que tange às leis humanas que violaste. Quanto à tua cúmplice, não importa.”
Virando-se então para Mainin, o Incaliz, disse com grande severidade:
“Por causa de teu ato maldito, tu e eu seremos estranhos para sempre! Agora sei o que realmente és, por Deus!”
Tendo falado nessa enigmática linguagem, Gwauxln retirou-se do Incalithlon. Mainin também saiu. Menax, curioso quanto à causa do infeliz acontecimento, falou com a figura que estava junto à Luz Perene, mas ela não respondeu nem se moveu. Aproximei-me dela e chamei-a com suavidade:
“Lolix?”
Nenhuma resposta, nenhum movimento. Toquei a seda de seu vestido e recebi um choque que me sacudiu como se tivesse recebido uma pancada. Seu peito estava rígido como pedra. Toquei sua mão, também estava dura e fria. O rosto, os ondulados cabelos castanhos, estavam rígidos. Não só estava morta como tinha se transformado em pedra! Como num sonho, chocado demais para sentir horror, mas ainda capaz de sentir uma estranha curiosidade, bati com os nós dos dedos nas dobras de sua roupa em vários lugares e ouvi um som metálico.
Peguei um dedo e este se quebrou; avassalado afinal por um indescritível horror, deixei-o cair no chão de granito e ele se quebrou em pequenos fragmentos como qualquer pedra frágil. Mas ali estavam os cachos castanhos dourados com os quais eu brincara carinhosamente tantas vezes, com a mesma cor de sempre. Sua pele, os olhos azuis, tudo continuava igual como tinha sido em vida, mas seu corpo tinha virado pedra e a alma tinha fugido! O lindo pezinho, aparecendo sob a barra da veste, também se transformara em pedra e estava firmemente preso ao pavimento. Finalmente compreendi tudo.
Aquele feito horrendo fora obra de Mainin, no momento em que olhara para Lolix e falara com ela. Ele havia prostituído sua sabedoria oculta e por essa razão Gwauxln o amaldiçoara. A carne, o sangue e as roupas de Lolix tinham sido transmutados em pedra maciça. Isso era tudo que restava da pobre, traída e abandonada Lolix; uma perfeita estátua que, a menos que alguém a retirasse, poderia ficar ali por séculos, até que a pedra finalmente se esfarelasse. 
O tenebroso significado de tudo aquilo finalmente me atingiu. Seria eu o principal responsável? Naquele momento eu soube que sim, que aquela morte estava gravada a fogo em minha alma e também na alma de Mainin, que jamais teria tido a oportunidade de agir de acordo com sua negra índole, se não fosse por mim e agora havia se desmascarado perante o Rai.
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A Lei do Carma e dos renascimentos é inexorável
Mesmo em sua insanidade temporária Lolix tinha sido fiel a mim. Não pronunciara uma palavra que me envolvesse. Gwauxln sabia e eu estava consciente de que ele sabia. Ele me perdoou livremente, no que concernia à lei humana. Isso porque a violação das leis de Incal não admitiam o perdão, transformando-se em carma; um carma que estenderia diante de mim um grande deserto formado pelas areias do pecado, que queimariam meus pés durante a travessia que eu teria de fazer por ele, antes de poder palmilhar a estreita senda da consecução. 
Uma longa expiação me aguardava. Contemplei a forma muda da bela jovem que eu amara com tanto afeto e ainda amava, até que Menax, que havia finalmente se dado conta da terrível ocorrência enquanto eu ficara ali paralisado pela estupefação, puxou-me pelo braço, tomado por um único desejo, o de sair daquele lugar o mais depressa possível.
“Vem, Zailm; vamos para casa.”
Com um último olhar cheio de remorsos, obedeci. Encantadora Lolix. . . Sua voz fora calada pela morte, causada por mim! Com o remorso me inundando, senti que, se pudesse, pediria a Anzimee que me liberasse, confessaria tudo a ela e, com seu consentimento, faria de Lolix minha honrada esposa. Mas era tarde demais para fazer essa reparação, pelo menos naquela vida. Nunca mais o terno olhar do amor pousaria naqueles estrelados olhos azuis! Nunca mais eu apoiaria a cabeça cansada em seuombro, nem seu doce carinho afastaria meus obscuros pensamentos com sua dedicada e suave compaixão.
Ah, deuses! O que eu tinha perdido? Minha vida que me parecera completa, uma esfera brilhante como a da lua cheia, havia se transformado num crescente indefinido, viajando incerto pelo céu da noite de minha existência. Anzimee nada sabia da terrível realidade; tinha ficado chocada demais com o súbito ataque de insanidade da amiga. Ela devia continuar sem saber, se fosse possível, para não sofrer ainda mais. Fomos até nosso carro e voltamos para nossa casa: Menax solene, Anzimee em estado de choque, e eu tomado de selvagem remorso. Nossa casa? Nosso lar? Senti que a paz daquele lar não existia mais para mim!
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A vida tinha se tornado um deserto, habitado pelos fantasmas do desespero, da culpa e da tristeza; por sobre ele, um céu sem Lua; e cá embaixo uma indescritível paisagem de areia soprada para todos os lados por ventos indomáveis. Lolix partirapara sempre, Anzimee nunca seria minha – isso eu sentia pelos murmúrios proféticos de minha alma. Diante de tudo isso, de cabeça baixa, sentei-me no meio do deserto de meus dias e deixei os fantasmas dançarem à minha volta, zombando de mim.

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