Máquina de fusão nuclear alemã inspirada no funcionamento do sol passou por testes que confirmam seu funcionamento e pode resolver o problema de abastecimento energético na Terra
No final da década de 30, Hans Bethe, físico alemão residente nos Estados Unidos, recebeu uma tarefa um tanto complexa: calcular a idade exata do Sol. Naquela época, acreditava-se que a estrela central do nosso sistema acumulava pouco mais de algumas dezenas de milhões de anos.
Isso colocava em xeque um dos principais conceitos evolucionistas elaborados: o da seleção natural – afinal, o desenvolvimento das espécies teria se desenrolado por muito mais do que algumas dezenas de milhões de anos.
Para a sorte de Charles Darwin, Bethe entrou no jogo, colocou seus cálculos em ação e descobriu coisas além das 4,5 bilhões de primaveras que o Sol já havia comemorado. O físico derrubou a antiga teoria de que o astro possuía um montante finito de energia. Não se tratava de um processo químico, mas sim nuclear, e praticamente ilimitado.
Hans Bethe observou que, nas condições solares, o hidrogênio, rico naquele ambiente, se comportava de maneira interessante: em vez de seus núcleos se distanciarem, como de costume, eles se aproximavam até se fundirem, criando hélio. Com o peso do hélio sendo inferior ao do hidrogênio, a diferença só poderia ter se convertido em energia.
Desde então, muitos cientistas trabalham arduamente para criar um sol na Terra.
Sucesso do donut alemão
As últimas notícias sobre o assunto são bastante animadoras. No final de 2016, a renomada revista Nature apresentou resultados positivos dos testes realizados no Wendelstein 7-X, um reator de fusão nuclear do tipo “stellerator” (inspirado na produção energética das estrelas) localizado na Alemanha.
As últimas notícias sobre o assunto são bastante animadoras. No final de 2016, a renomada revista Nature apresentou resultados positivos dos testes realizados no Wendelstein 7-X, um reator de fusão nuclear do tipo “stellerator” (inspirado na produção energética das estrelas) localizado na Alemanha.
A boa nova é que a máquina, com formato similar ao de uma rosquinha com mais de 15 metros de diâmetro e ao custo de um bilhão de libras, conseguiu isolar o plasma, substância resultante da fusão nuclear dos átomos de hidrogênio.
Isso só foi possível graças a geração de um campo magnético robusto e constante, capaz de impedir que esse material super quente entrasse em contato com as estruturas da máquina. Caso contrário, a temperatura altíssima do plasma derreteria o reator. Para se ter uma ideia, os átomos são aquecidos a cerca de tranquilíssimos 100 milhões de graus celsius.
Fusão e fissão: Ruth e Raquel da energia nuclear
Apesar de ser extremamente difícil de ser gerada, a fusão nuclear pode significar uma verdadeira revolução no setor energético mundial. Isso porque, além de gerar um volume enorme de energia, trata-se de um processo em que a água salgada é utilizada como “combustível” e o único resíduo criado é o hélio, um gás inerte.
Apesar de ser extremamente difícil de ser gerada, a fusão nuclear pode significar uma verdadeira revolução no setor energético mundial. Isso porque, além de gerar um volume enorme de energia, trata-se de um processo em que a água salgada é utilizada como “combustível” e o único resíduo criado é o hélio, um gás inerte.
Já a fissão nuclear é aquela presente nas famosas – e temidas – usinas nucleares. Nesse processo, o núcleo de um elemento radioativo é bombardeado, gerando não só energia, mas também os conhecidos “lixos radioativos”, extremamente perigosos e com um tempo lentíssimo de decomposição.
Entretanto, por mais que o Wendelstein 7-X tenha se comportado bem até o momento, os cientistas afirmam: ainda vamos levar um bom tempo para termos o nosso próprio sol, raiando energia por toda a Terra. Por ora, a ideia do W-7X, como é carinhosamente chamado o reator alemão, é “apenas” conseguir controlar o plasma e simular reações energéticas.
Trata-se de um importante legado construído para nossos filhos e netos, que provavelmente serão os responsáveis pela produção em escala e implantação de uma rede de distribuição desse tipo de energia para a população do futuro.
Revista Galileu
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