Amatéria escura corresponde a cerca de 85% de toda a massa do universo. Já existe tecnologia e conhecimento disponíveis para medir sua concentração e distribuição pelo cosmos, mas sua composição e sua aparência são um mistério.
Apesar de invisível e indetectável, a matéria escura é muito importante por um motivo bem simples: quando você é 85% de toda a massa do universo, você exerce uma influência gravitacional imensa e inimaginável sobre os 15% restantes. E o que a ciência é capaz de detectar é justamente a influência da gordinha anônima sobre as coisas que podemos ver — como galáxias.
A matéria escura não é uma massa uniforme que ocupa os "vãos" que estão entre planetas e estrelas. Ela se concentra mais em determinados pontos do que em outros, quase como uma massa de bolo empelotada.
Ou ao menos é o que se pensava até agora. Hendrik Hildebrandt do Argelander-Institut für Astronomie em Bona, na Alemanha, e Massimo Viola do Observatório de Leiden, na Holanda, acabam de descobrir que essa gótica suave, na verdade, está muito mais bem distribuída pelo espaço do que imaginávamos. O artigo foi publicado no periódico científico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Segundo o Observatório Europeu do Sul (ESO), a equipe dos pesquisadores investigou cinco regiões no céu, uma área total de cerca de 2,2 mil vezes o tamanho da Lua Cheia que contém cerca de 15 milhões de galáxias. “Este resultado indica que a matéria escura na rede cósmica, a qual corresponde a cerca de um quarto do conteúdo do Universo, é menos grumosa do que o que se pensava anteriormente", afirmou Viola ao site do ESO.
A conclusão veio com a análise de um efeito muito sutil conhecido como cisalhamento cósmico, que envolve a distorção da radiação eletromagnética emitida por galáxias distantes pela presença de corpos de grande massa em seu caminho. Até poucos anos atrás, a precisão da tecnologia disponível não era suficiente para levar o efeito em consideração.
A distribuição da matéria escura é um dado essencial para compreender a evolução do universo em seus 14 bilhões de anos, o que significa que os modelos teóricos que a levam em consideração precisarão ser revisados com a nova descoberta.
“Desvendar o que se passou desde o Big Bang é um desafio complexo, mas ao estudarmos o céu distante, podemos construir uma imagem de como é que o nosso Universo moderno evoluiu”, explicou ao ESO Catherine Heymans, coautora do estudo.
*Com supervisão de Nathan Fernandes. Revista Galileu
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