Serie De Ficção Cientifica Brasileira: A nossa vida é repleta de magia quando entendemos, e unimos a nossa sincronicidade com o todo. “A Harpa Sagrada” inicia-se numa serie de revelações onde o homem tem sua essência cravada no sagrado, e o olhar no cosmos aspirando sua perfeição.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Israel: fábrica de drones, arma fatal e mortífera


Desde o MALI, na África, à SÍRIA passando pelo PAQUISTÃO, os DRONES estão hoje (matando)  em todos os conflitos. NESTE MERCADO EM PLENA EXPANSÃO, ISRAEL (país que criou a tecnologia) OCUPA UM LUGAR DE LÍDER.
Edição e imagens adicionais: Thoth3126@gmail.com
ENQUANTO PROTESTOS SE LEVANTAM CADA VEZ MAIS PARA DENUNCIAR O USO DESTE EQUIPAMENTO, A EMPRESA ISRAEL AEROSPACE INDUSTRIESABRIU PARA A GQ AS PORTAS DE SUAS OFICINAS. O QUE NOS RESERVA A GUERRA DO FUTURO?
POR HADRIEN GOSSET-BERNHEIM
De certo modo, o destino de Ahmed Jabari foi selado neste depósito seguro de Lod, uma  cidade de 67 mil habitantes no coração de Israel. No último dia 14 de novembro, enquanto estava andando na Faixa de Gaza, o chefe do braço armado do Hamas não tinha nenhuma chance de escapar do míssil que pulverizou seu discreto carro coreano.
Cerca de 30 drones Heron, o best-seller da Israel Aerospace Industries, estão sendo produzidos para Exércitos do mundo inteiro (Fotos: Pierre Terdjman)
A uma dezena de quilômetros de altitude, o drone matador, ou melhor, seus operadores, acomodados na sala de comando de uma base da Aeronáutica  israelense, tinham acabado de conseguir o tiro perfeito. Missão cumprida.
É neste hangar da Israel Aerospace Industries (IAI), onde são montadas algumas dessas aeronaves não tripuladas, que se prepara a guerra moderna.  Hoje em dia, não há um conflito, do Mali à Síria, que não demonstre a eficácia desse aparelho, especialmente onde o levantamento de informações e o alvo dos ataques valem mais do que a extensão dos danos causados. Mesmo assim,  as cerca de 30 engenhocas armazenadas na imensa oficina lembram pequenos planadores inofensivos. Com seus 8,5 metros de comprimento, 16,6 metros de envergadura e sua fuselagem dupla de materiais compostos, ele até parece um pouco desajeitado. 
O motor é de ultralee e a estrutura, banal, de materiais compostos. Mas o equipamento de observação embarcado é topo de linha
Com 250 kg, entre câmeras e radares, o Heron voa a ula altitude de 9 mil metros
Nada impressionante também em relação à mecânica. “São motores de ultraleve um pouco melhorados, nada mais”, confidencia Ilan Katalan, um dos técnicos. Velocidade de cruzeiro? Apenas 200 km/h. Não se deixe enganar pela aparente simplicidade do lugar: é aqui que a IAI produz o Heron, seu best-seller, a máquina que domina a categoria MALE (média altitude, longa resistência), a mais comum entre os drones.  
Apesar de sua aparência, o Heron é um verdadeiro canivete suíço da informação aérea. Voando a uma altitude de 9 mil metros, fornece informações em tempo real sobre o alvo graças a seus 250 quilos de material embarcado: câmeras ópticas e térmicas, visor a laser, radar ar-solo. Capaz de se manter em voo durante dezenas de horas, em todas as condições atmosféricas, aterrissar e decolar automaticamente, inclusive em terreno inimigo.
Armado de uma bomba, transforma-se em máquina de matar, como na impressionante cena de abertura  de “O Legado Bourne (2012), em que Jeremy está sendo atacado por um drone no Alasca.
Produto de exportação 
Essa polivalência já convenceu 13 países, inclusive a Turquia, os Estados Unidos, a Alemanha e a França. Embora equipe a polícia mexicana na luta contra os narcotraficantes, seu lugar favorito continua sendo o campo de batalha. Os israelenses o utilizaram pela primeira vez em dezembro de 2008 durante a operação Chumbo Fundido, na Faixa de Gaza, oferecendo às tropas no solo uma visão bastante clara do conflito. Desde então, o Heron se  tornou também frequentador assíduo dos céus iraquianos, afegãos ou líbios.
A dependência dos militares em relação aos aviões não tripulados é hoje tão forte que alguns observadores ressaltam a ilusão de uma guerra “limpa”. Esta é uma crítica que visa especialmente o presidente americano Barack Obama, que faz deles um uso ilimitado, reunindo toda terça-feira os responsáveis pelas informações para estabelecer a lista dos membros da Al-Qaeda a serem eliminados pelos ares, conforme foi revelado pelo New York Times.
Em fevereiro deste ano, John Brennan, conselheiro de contraterrorismo do presidente americano e hoje diretor da CIA, foi questionado a respeito desse assunto durante uma audição perante a comissão das informações. 
Um relatório da ONU divulgado no início de Abril de 2013 pediu uma moratória global sobre o desenvolvimento de robôs altamente sofisticados, que podem ser selecionados e matar alvos, sem um ser humano emitir diretamente um comando. Estas máquinas, conhecidos como robôs autônomos letais (LAR-Lethal Autonomous Robots), pode soar como ficção científica – mas os especialistas acreditam cada vez mais que alguma versão dessas máquinas, robôs poderia ser criado no futuro próximo.
Desde 2008, 2,5 mil pessoas foram eliminadas dessa maneira somente no Afeganistão, incluindo inocentes. Hoje, o sucesso dessa arma reforça o lugar de Israel como primeiro exportador mundial de drones, à frente dos Estados Unidos, com mil aeronaves vendidas em 42 países. A IAI, que tinha se especializado desde a sua criação em 1948 na recuperação de aeronaves de linha, encontrou um excelente filão. Com cerca de US$ 500 milhões de faturamento anual, a divisão Malat (drone em hebraico) se tornou uma mina de ouro para a empresa. 
“Somos precedidos por nossa fama baseada em nossa experiência tecnológica, apesar de nossos clientes potenciais serem às vezes reticentes em relação à ideia de obter informações com uma empresa israelense”, explica, impassível, Jacques Chemla, diretor da Malat. Toda essa tecnologia também tem um preço. Um Heron pode custar de 10 a 50 milhões de euros.
Chemla é um dos pioneiros da indústria dos drones. Nascido na Tunísia, chegou à França aos 4 anos. Formado na Universidade de Paris VI – Jussieu, terminou seus estudos no Instituto Israelense de Tecnologia de Haifa. A ideia de um aparelho capaz de voar durante horas acima das linhas adversas para transmitir informações em tempo real nasceu em Israel, após o ataque surpresa sírio-egípcio da Guerra do Yom Kippur, em 1973. Nove anos depois, durante a Guerra do Líbano, os drones israelenses tornaram-se operacionais, possibilitando a destruição sem dificuldade dos lançadores de mísseis sírios escondidos no Vale do Beqaa. Isso impressionou os americanos, que se apressaram em encomendar vários exemplares. 
A milhares de quilômetros do campo de batalha, esses operadores de drones americanos podem matar por trás de uma tela. O que não os protege de choques pós-traumáticos, como revelou a revista Der Spiegel, em dezembro de 2012
Das evoluções aos saltos tecnológicos, o diretor da Malat  teve tempo para se convencer que o futuro pertence aos drones. “Além do fato de que você não se arrisca a perder um piloto, pode mantê-los voando durante horas e dispõe de equipe completa em solo para analisar os dados transmitidos”, afirma.
Na verdade, se isso só dependesse dele, os drones substituiriam também os pilotos da aviação civil. “As aeronaves de última geração, como o Airbus A380 ou o Boeing 777, na verdade são drones: decolagem, aterrissagem e cruzeiro, tudo é controlado por computador. O  único obstáculo para a eliminação da tripulação é psicológico.”
A revolução já está a caminho nas forças aéreas e aeronáuticas israelense e americana, em que os drones já são mais numerosos do que as aeronaves tradicionais.
Até 2018, a Polônia substituirá sua frota de velhos Sukhoi Su-22M. O reverso desta “democratização” dos aviões não tripulados é a divulgação da tecnologia. No final de 2012, o Neutron, drone de combate projetado na Europa, efetuou seu primeiro voo com absoluto sucesso.
Já há mais drones do que aviões tradicionais nos exércitos de Israel e EUA
Os engenheiros da IAI exploram o mercado militar. A pesquisa abrange tanto o campo de ação quanto a capacidade de carga. Com um raio de alcance de 1,5 mil quilômetros, algumas aeronaves, como o Eitan israelense, são capazes de realizar missões estratégicas em cima do Irã. E quando um drone francês sobrevoa o Afeganistão ou a Líbia, o ministro da Defesa pode receber as imagens em tempo real na sua sala em Paris.
Mas em termos de volume os progressos são os mais espetaculares. Ao contrário do Global Hawk americano, um monstro de 12 toneladas, os novos drones já são milagres da miniaturização. Para fazer uma demonstração, dois jovens acabam de entrar no depósito da IAI. Um dos dois está segurando um controle, parecido com os consoles de jogos eletrônicos. 
Com 18 gramas incluindo a câmera, o drone Borboleta é um prodígio de miniaturização
O outro segura delicadamente entre dois dedos uma engenhoca esquisita com uns 20 centímetros de largura e peso de 18 gramas. Esse é o drone Borboleta, recém-nascido da Malat, que só aceitou mostrá-lo depois de longas negociações. E é apenas o modelo de demonstração.
A versão  operacional (e confidencial) não ultrapassa 11 gramas. “Para se chegar nele, cada gota de cola foi pensada”, diz Eliad Michaeli, com o controle em mãos. Com 18 anos, este rapaz de mais de 2 metros é uma das jovens crias da IAI: formado na escola tecnológica interna da empresa, irá em breve para o Exército em uma unidade de drones, antes de partir para o centro de pesquisa da Malat. 
O Borboleta voa agora por cima dos Herons sendo montados, que em comparação parecem de repente gigantescos. O minúsculo drone mantém um voo perfeito. Equipado com câmera, torna-se uma arma temível. Em virtude do sigilo de defesa, talvez nunca o saibamos, mas antes de ser pulverizado por um míssil, Ahmed Jabari, o chefe do Hamas, talvez tenha notado um leve barulho: o farfalhar das asas de uma borboleta.  

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