THALER de NETUNO – Parte II, Histórias de Maldek, da Terra e do Sistema Solar
Traduzido do Livro “THROUGH ALIEN EYES – Através de Olhos Alienígenas”, páginas 101 a 126, escrito por Wesley . Bateman, Telepata da FEDERAÇÃO.
“Eles são como as mais frágeis flores em forma humana. Suas canções e palavras de amor expressam mais realidade sobre a grande emoção do que qualquer canção ou palavra por mim ouvida ou sentida, oferecida com o máximo de sinceridade por habitantes de qualquer outro mundo.
Tenho certeza de que o Criador de Tudo Que É de vez em quando pede silêncio e roga que um habitante de Wayda (Vênus) cante uma canção de amor. Que a bondade espiritual dos habitantes de Wayda seja um exemplo para todos nós”. Eu Sou Tinsel de NODIA.
Tradução, edição e imagens: Thoth3126@gmail.com
Primeira parte: http://thoth3126.com.br/thaler-de-netuno
OS ESPIÕES:
Certo dia, nós, traquianos que estávamos estudando para telepatas, fomos solicitados a nos reunir no grande auditório que era parte do complexo Cre’ator. Quando Balis e eu chegamos, o local estava lotado com mais ou menos mil traquianos. Falou-nos um nodiano chamado Ostrocan. Contou-nos as condições lastimáveis existentes na Terra e como os maldequianos que sobreviveram à destruição de seu mundo haviam assumido o controle total do planeta e estavam tornando as coisas ainda piores para os vários tipos de imigrantes.
Ostrocan pediu, então, voluntários para ir à Terra e manter a Casa de Comércio de Cre’ator e a Federação telepaticamente informadas das condições sempre variáveis do planeta e de qualquer dado sobre os maldequianos e suas atividades. Todos que estavam no auditório se ofereceram como voluntários. Fomos divididos em dois grupos. Um grupo iria para a Terra e colheriam informações e o outro grupo se espalharia pelos mundos de sistemas solares vizinhos. Este último grupo receberia telepaticamente informações enviadas pelas pessoas designadas para a Terra, passando-as para Nodia. Depois de discutir um pouco, convenci minha mulher Balis a permanecer com os telepatas receptores, deixando-me ir para a Terra.
Nos dois dias seguintes, ambos os grupos se familiarizaram por meio de ROMs mentais com tudo o que se sabia sobre os maldequianos, a Terra e os imigrantes. Quando achávamos que aprendêramos tudo o que podíamos sobre esses assuntos, fomos informados de que precisávamos absorver informações sobre centenas de tipos diferentes de seres de outros mundos (de outros sistemas solares) que viviam na Terra e passaram a servir os maldequianos antes de eles explodirem seu mundo natal.
Depois de converter nossa respiração para oxigênio, sob a proteção da noite, 40 telepatas traquianos embarcaram numa nave rumo à Terra. Nosso local de aterrissagem foi na área hoje chamada Argentina. Antes de sair da nave foi-me dado o que vocês chamariam revólver. Eu aprendera, nos ROMs mentais, como ele funcionava e como usá-lo, mas nunca segurara um nas mãos. Fomos recebidos por um grupo de homens em sua maioria marcianos. O líder era um nodiano convincentemente disfarçado de marciano até mesmo no corte de cabelo de estilo mohawk [moicano] (indígena norte-americano habitante do Vale do Rio Mohawk, Nova York), considerado um emblema de honra entre os guerreiros marcianos. Ele teria enganado qualquer um se não fosse pelas raízes brancas de seu penacho pintado de preto. Os marcianos o chamavam Coate-Grol (o Gato Sol).
JAQUETA VERDE E PRÍNCIPE BRONE
Nós, recém-chegados, dividimo-nos em cinco grupos de oito. Cada grupo saiu do local de aterrissagem a intervalos de meia hora, liderados por um guia designado para o grupo por Coate-Grol. O grupo em que eu estava era liderado pelo subcomandante de Coate-Grol, um jovem marciano muito bem apessoado chamado Jaqueta Verde, pois vestia uma bonita jaqueta de couro dessa cor. A noite estava fria, e falávamos baixo enquanto esperávamos nossa vez de partir. Jaqueta Verde sentou-se separado do grupo e parecia falar consigo mesmo usando duas vozes diferentes. O mistério foi desvendado quando ele se ergueu e se voltou para liderar o caminho. Amarrada às suas costas havia uma cadeirinha com um anão marciano sentado. Descobrimos depois que o nome do homenzinho era príncipe Brone e que ele era um dos filhos de um antigo bar-rex (senhor da guerra) marciano.
Depois de cerca de três horas de caminhada rumo ao brilho no horizonte, chegamos ao alto de uma montanha. No vale abaixo, até onde alcançava a vista, vimos milhares de fogueiras. De cada cabana de barro pela qual passávamos vinha o som de tosse. Muitos dos marcianos estavam encontrando dificuldade em respirar o ar com oxigênio de seu novo lar e quando dormiam era ainda pior. Afinal chegamos a uma cabana circular de vime e barro grande o bastante para comportar cerca de 35 pessoas. O príncipe Brone foi retirado do ombro do amigo, ainda em sua cadeira. Jaqueta Verde então o ajudou a subir numa rede e o cobriu com um cobertor. Menciono esse fato porque a amizade carinhosa entre esses dois homens aqueceu-me o coração.
Coate-Grol entrou na cabana e pediu que entregássemos a ele nossos revólveres, o que fizemos imediatamente. Ele sorriu quando viu a maneira desajeitada como nós, traquianos, manejávamos as armas. Disse-nos, então, que as armas estavam sendo guardadas porque elas talvez não fossem necessárias por algum tempo ainda. Ele então mostrou a cabana, dizendo: “Por enquanto vamos contar com isto.” Das paredes pendiam arcos e aljavas de flechas, e enfiadas no chão de terra havia varias espadas de folha larga de fabricação marciana. Ele acrescentou: “Iremos a lugares que nos colocarão em contato com os maldequianos, então não seria bom ser visto carregando armas sofisticadas. Os maldequianos conhecem esses tipos de armas e provavelmente possuem arsenais com suas próprias versões.
O líder deles nunca precisou desses tipos de armas para controlar os nativos da Terra porque um simples olhar de desagrado de um dos assim chamados Radiantes basta para fazer os terráqueos pularem. Os líderes maldequianos não liberam essas armas nem mesmo a seus soldados de elite, chamados krates, pois não descartam a possibilidade de que em algum ponto de suas fileiras exista um velhaco ambicioso pronto para arrebatar seu poder e experimentar a emoção de fazer as coisas a seu modo.” Coate-Grol então disse a um marciano troncudo que estava a seu lado: “Vá pegar nossa arma secreta.”
Depois de alguns minutos, o marciano voltou com outro homem vestido no estilo dos terráqueos nativos.Usava um turbante cuja extremidade lhe cobria o rosto. Trazia os braços cruzados no meio do corpo, mãos enfiadas nas mangas. Quando tirou a mão esquerda, vimos que cada dedo era marcado por um anel de macro poder. Era um Skate traquiano. Nos vários meses seguintes, integrei o grupo de traquianos que acompanhou Coate-Grol e sua equipe em incursões noturnas às montanhas dos arredores para receber a nave da Federação.Minha tarefa era me comunicar telepaticamente com as tripulações desses veículos e manter a mesma forma de comunicação com um telepata traquiano localizado em nosso acampamento distante. Descarregávamos caixas compostas principalmente de cápsulas alimentares altamente nutritivas e medicamentos. De vez em quando, uma nave trazia passageiros que se juntavam a nós ou simplesmente desapareciam silenciosos dentro da noite. As vezes (mas raramente), descarregávamos caixas contendo vários tipos de armas.
Afinal, chegou o dia em que Coate-Grol disse a cerca de 15 integrantes do grupo, inclusive Durdler, o Skate, que iríamos para uma cidade situada a aproximadamente 144 quilômetros do campo marciano. Fiquei muito satisfeito ao ouvir isso, pois a vida no campo era emocionalmente intolerável para mim e outros de minha espécie. Havia muita doença e era-nos difícil suportar o mau cheiro de corpos humanos queimando. Coate-Grol nos falou da viagem enquanto príncipe Brone, de pé num banco atrás dele, pintava de negro as raízes de seus cabelos. Saímos no dia seguinte ao amanhecer.
À medida que caminhávamos rumo ao norte, o céu ficou nublado e cinzento. Nosso caminho nos levou a uma estrada na qual periodicamente encontrávamos outros viajantes. Tropas de terráqueos a cavalo e carregando espadas e arcos passavam galopando por nós nas duas direções. As vezes, uma dessas tropas parava e nos examinava, mas depois de ver as espadas de folha larga presas às costas de meus companheiros marcianos de aspecto feroz, normalmente iam embora sem comentários. Enquanto eles se afastavam, príncipe Brone, nas costas de Jaqueta Verde, fazia gestos obscenos na direção deles, grunhindo como um porco.
Várias vezes nos deparamos com até quatro corpos humanos estendidos à beira da estrada, alguns com flechas encravadas. À medida que nos aproximávamos da cidade, passamos pelos cadáveres de pessoas que foram submetidas ao método de execução favorito dos maldequianos:crucificação. Encontramos uma mulher crucificada que ainda estava viva e sofrendo muita dor. Jaqueta Verde desfechou uma flecha em seu coração, aliviando seu sofrimento. Conto-lhes esses horrores para que saibam realmente como eram as coisas na Terra naqueles dias sombrios.
UM ENCONTRO COM OS MALDEQUIANOS
Ao anoitecer, entramos numa cidade populosa com ruas de pedras arredondadas iluminadas por tochas. Quase que imediatamente pus pela primeira vez os olhos num maldequiano, sentado numa sacada que dava para a rua na qual estávamos. Príncipe Brone acenou para ele e ele retribuiu. Nosso príncipe grunhiu baixinho feito um porco. Os sons da cidade eram uma combinação de risadas, discussões violentas e gritos pesarosos. As pessoas faziam tudo o que se podia imaginar. Era um hospício.
Entramos no pátio de uma casa completamente queimada e de lá tiramos à força vários invasores de outros mundos. Pusemo-nos à vontade ao redor do fogo que eles haviam acendido. De vez em quando, ao longo de toda a noite, éramos visitados por gente que queria nos vender algo ou que queria nos fazer algum tipo de proposta. Pouco antes do alvorecer, uma pessoa veio a nós vendendo pão. Trocamos com ela três flechas por seis pães. Coate-Grol não permitiu que comêssemos o pão, em vez disso guardando-o em sua mochila.
Nosso líder nos disse que chegara a hora de partir, pois conseguíramos o que viéramos buscar. Sua afirmação me confundiu. Disse-nos, então, que desejava dar uma olhada numa base militar maldequiana localizada vários quilômetros ao norte. Um dos integrantes do grupo me disse que quando eles viram pela primeira vez a base, há vários meses, era pequena e ainda estava em construção.
Evitamos as estradas, seguindo um caminho nas colinas onduladas. Pelo meio da manhã, paramos ao lado de um riacho e fizemos uma infusão de gosto muito amargo chamada de chá pelos marcianos. Coate-Grol tomou o pão de sua mochila e começou a parti-lo em pedaços que ele distribuía a seu esfomeado grupo. De um dos pães ele pegou um pequeno recipiente de metal. Nele havia uma mensagem que ele leu, passando-a em seguida a mim, dizendo: “Para Nodia.” Telepaticamente transmiti a mensagem a um telepata traquiano em Vitron, que mentalmente a retransmitiu a Nodia.
A mensagem dizia: “Os maldequianos iniciaram um programa de fecundação de todas as mulheres saudáveis que vivem na Terra, não importa de que mundo tenham vindo. Estão oferecendo alimentos e abrigo a qualquer mulher que consinta ser engravidada por um maldequiano do sexo masculino ou por meio de inseminação artificial. Quando a criança nascer e for entregue para ser criada pelos poderes maldequianos governantes, a mulher receberá algum tipo de recompensa material. As mulheres que não concordarem em aceitar a oferta acabam por ser capturadas e forçadas a dar à luz crianças mestiças maldequianas contra sua vontade.”
Várias centenas de milhões de maldequianos morreram quando seu planeta explodiu, mas cerca de dez milhões deles sobreviveram porque estavam na Terra à época do acontecimento. Sabendo que o pai determina a origem da essência psíquica da criança (planeta natal da ALMA do pai), os maldequianos idealizaram seu plano de recorporificar aqueles de sua espécie que haviam perdido a vida quando da destruição de seu mundo. Queriam fazer isso o mais rápido possível.
Naquela tarde, deitamo-nos de bruços, observando milhares de tendas brancas do outro lado da planície. Ao lado de um tenda enorme havia um carro aéreo. Num poste ao lado da tenda, tremulava uma bandeira branca exibindo as imagens de duas cobras douradas, uma de frente para a outra. Coate-Grol sussurrou: “Nós e nosso povo podemos estar em apuros. Aquela bandeira é o emblema de Sharber e Roanner.” Sharber e Roanner eram irmãos gêmeos maldequianos que por acaso eram generais krates muito cruéis.
Nossas observações da agora imensa base militar maldequiana foram interrompidas quando fomos descobertos por uma patrulha de fronteira krate composta de 12 homens. Vestiam armaduras e elmos revestidos de ouro. Durdler, o Skate, projetou a ilusão de 24 krates brandindo suas espadas e encarando nossos atacantes. Os krates reais gritaram com nossos krates ilusórios: “O que vocês estão fazendo’?” Depois de ouvir a frase algumas vezes, Durdler modificou sua ilusão, fazendo os krates imaginários responderem gritando aos reais: “O que vocês estão fazendo?” Na confusão, saímos correndo da área o mais rápido que pudemos. Durdler disse que tínhamos cerca de meia hora antes de sua ilusão desaparecer. Sempre desejei ter visto as caras dos krates reais quando isso aconteceu.
Evitamos a cidade na viagem de volta a nosso acampamento. No caminho de volta, pouco fizemos além de enviar patrulhas telepáticas. Queríamos evitar um ataque surpresa ao nosso acampamento por parte das forças de Sharber e Roanner, das quais escapáramos. Nodia foi informado telepaticamente de nossas expectativas.
ATERRISAGEM DE SOLDADOS DA FEDERAÇÃO E A EVACUAÇÃO DE MARCIANOS.
Nove dias depois, o céu acima de nosso acampamento encheu-se de espaçonaves da Federação de todo tamanho e aparência. Centenas delas aterrissaram na planície e nas encostas das montanhas ao redor. Milhares de soldados da FEDERAÇÃO GALÁCTICA, chamados dartargas, assumiram posições defensivas ao norte do acampamento. A medida que o faziam, passei a respirar mais aliviado.
Foi estabelecido um posto de comando no centro do acampamento e nós, do grupo de Coate-Grol, fomos os primeiros a visitá-lo e a conversar com o comandante supremo da operação. O comandante era um nodiano chamado Pen-Dronell, que também tinha o título de Segundo Senhor de Planejamento da Casa de Comércio de Cre’ator. Pen-Dronell disse-nos que não estava lá para lutar com os maldequianos, mas que lutaria se fosse forçado a fazê-lo. Seu propósito verdadeiro ao vir à Terra era evacuar o maior número possível de marcianos. Alguns seriam levados imediatamente para outros mundos e outros seriam levados para terras no leste, permanecendo na Terra até que pudessem se tomadas providências para levá-los a planetas cujos povos nativos os acolhessem. Ele acrescentou que talvez levasse algum tempo para providenciar isso.
Cumprindo ordens, Coate-Grol voltou a Nodia com Pen-Dronell e Jaqueta Verde assumiu a liderança de nosso grupo reduzido. O acampamento parecia uma cidade fantasma. A primeira declaração de Jaqueta Verde a nós como líder foi “Vamos embora deste lugar, os maldequianos que fiquem com essas choças.” Príncipe Brone acrescentou: “Vamos atacar os maldequianos, oink, oink.” Jaqueta Verde coçou a cabeça e fingiu estar tomando uma grande decisão. Então disse: “Já sei! Os maldequianos estão no norte – acho que é melhor irmos para o sul.”
Quando estávamos a caminho de algum destino indefinido no sul, o tempo esfriou, então mudamos de direção rumo ao oeste por algum tempo e então fomos para o norte. Em nossa viagem, deparamo-nos com grupos dispersos de pessoas de outros mundos, algumas das quais nos contaram que na primavera seguinte tentariam cultivar a terra. De todas as pessoas que encontramos, as mais patéticas eram os gracianos, trazidos a Terra pelos maldequianos para fornecer os conhecimentos e a tecnologia usados na construção das três grandes pirâmides localizadas a milhares de quilômetros ao leste. Como vocês sabem, a maior dessas pirâmides teve um importante papel na destruição do planeta Maldek.
Foi durante nossa permanência com um grupo de gracianos que os céus começaram a ficar negros e uma chuva interminável passou a cair. Não havia nada que pudéssemos fazer quanto a isso. Informei telepaticamente Nodia das condições extremas de tempo predominantes na Terra. Foi meu último contato. Perecemos devido às chuvas e porque não conseguimos encontrar alimentos.
SHALLO-BAIN E TRELBA-SYE
Milhares de anos antes da vida experienciada pelo marciano Senhor Sharmarie no império de Agrathrone, eu também nasci numa época de uma assim chamada Era Dourada. A população do planeta Terra era sempre pequena porque essa era estava em declínio e as coisas estavam revertendo lentamente ao que eram em várias épocas anteriores quando a Barreira de Freqüência estava no auge.
Naquela vida meu nome era Brace. Nasci na remota e reclusa cidade que chamávamos ShalloBain, situada na área hoje denominada TIBETE. A cidade fora construída em épocas anteriores à Barreira de Freqüência, sendo recuperada, restaurada e ampliada ao longo de um período de várias centenas de anos por meus (naquela época) ancestrais biológicos. Não tínhamos idéia de quem originalmente construíra e vivera na cidade, mas sabíamos que fora fundada numa época muito antiga.
Escavações realizadas na cidade anteriormente ao meu nascimento revelaram vários objetos que muito influenciaram o desenvolvimento de nossa cultura. Entre os itens mais importantes havia quatro carros aéreos movidos à energia cerebral canina inoperáveis e mapas do relevo primitivo do planeta, que se modificara drasticamente. Foram encontradas muitas outras coisas que influenciaram o modo como vivíamos e pensávamos, mas uma descrição delas seria muito extensa para relatarmos neste texto. Os carros aéreos e o idioma escrito dos fundadores originais da cidade foram objeto de estudo por mais de cem anos. Depois de entendermos o sistema de propulsão dos carros aéreos, ainda não conseguíamos fazê-los funcionar porque não tínhamos cães, e mesmo que tivéssemos, não dispúnhamos da habilidade cirúrgica ou de conhecimentos de bioquímica para manter vivo o cérebro de um animal.
Posteriormente a meu nascimento naquela vida, foi desenvolvido um método alternativo de propulsão para os carros aéreos que empregava um cristal especialmente cultivado como substituto do cérebro de cão. Esse avanço em relação ao projeto original permitiu-nos voar e explorar o planeta. Como eu era uma das pessoas chamadas “olhos brilhantes”, fui escolhido para operar um dos veículos restaurados. (O termo “olhos brilhantes” era dado às pessoas que ainda conseguiam se comunicar telepaticamente em certo grau ou usar poderes telecinéticos limitados – deslocar objetos fisicamente pela força da vontade.) Muitos de nós, que possuíam essas assim chamadas habilidades extra-sensoriais a maior parte de suas vidas, estavam, por alguma razão desconhecida, perdendo-as a uma velocidade alarmante. Devido às névoas e cinzas vulcânicas que bloqueavam a luz do sol, nossas plantações começaram a minguar e os animais domesticados que usávamos como alimento também pararam de se reproduzir.
A área hoje chamada TIBETE era montanhosa naquela época, mas não apresentava as altitudes atuais, conseqüência de mudanças geológicas acontecidas ao longo das eras. De fato, a região atual não era nem mesmo situada na mesma latitude. Vou contar-lhes um pouco mais a esse respeito depois.
Como nossos meios de sobrevivência estavam desaparecendo, nossos líderes decidiram que devíamos sair pelo mundo de carro aéreo em busca de locais (se houvesse) que não estivessem sujeitos a condições tão rigorosas, procurando, também, outros povos que pudessem ter resolvido os problemas. Antes de iniciarmos nossa busca, consultamos os mapas antigos à procura de prováveis locais.
Antes de me alistar na Força Aérea de Shallo-Bain, trabalhei com meu pai e outro irmão na fabricação de móveis e urnas funerárias de cerâmica. Era casado com uma mulher chamada Shrenala e tinha dois filhos (uma menina e um menino). Minha mãe morrera e a mente de minha mulher ficava vagueando; ela apresentava mudanças de humor extremas e repentinas. Esse estado, causado pela Barreira de Freqüência, afetou muitas jovens da cidade na época. Deixei meus filhos e minha mulher mentalmente perturbada aos cuidados de meu pai e de meu irmão e sai de Shallo-Bain numa manhã quente de verão. Havia mais nove a bordo do carro aéreo, e voamos rumo ao leste, inseridos entre camadas superiores de cinzas vulcânicas e uma névoa pesada que cobria a terra, tornando impossível ver o que se passava abaixo.
Voamos cerca de dez horas por dia e aterrissamos na névoa densa para descansar um pouco. Essa manobra era muito rápida e perigosa, pois era necessário entrar na névoa e procurar visualmente uma clareira, ao mesmo tempo tomando cuidado com árvores e montanhas. Uma colisão com esses obstáculos obviamente teria encerrado de repente nossa viagem. O relevo naquela época era tal que tínhamos de sobrevoar apenas pequenas extensões de água.
Depois de cerca de cinco dias de viagem, passamos a sentir diminuição da energia psíquica (força vital) necessária para impelir nosso carro aéreo. Vários de meus companheiros começaram a vaguear mentalmente. Um deles adormeceu por mais de doze horas e então morreu. Babbor, nosso navegador, perdeu a capacidade de falar e nos passava seus cálculos por escrito. No sexto dia, chegamos a um rio largo, que seguimos para o norte. Tínhamos certeza de que em algum lugar às margens desse rio ficava a antiga cidade subterrânea de Trelba-Sye. Felizmente, a névoa no solo era fina, mas o brilho do sol era bloqueado por um teto espesso de cinzas vulcânicas.
Na tarde daquele dia, localizamos um grupo de cerca de 70 seres humanos reunido à margem leste do rio. Mais adiante, a leste, vimos imagens de homens e mulheres esculpidas na face rochosa do penhasco. Esses entalhes pareciam se estender por quilômetros. Aterrissamos próximo a esse grupo que, obviamente, fora atraído àquele local pelos peixes mortos lançados à praia. Quando nos viram, correram amedrontados. Também pegamos alguns peixes mortos, que comemos antes de iniciar nossa busca a uma entrada para a cidade de Trelba-Sye. Deixamos Babbor com o carro aéreo e o restante da tripulação, com oito pessoas, subiu ao topo do penhasco.
Na manhã do dia seguinte, encontramos uma abertura, conseqüência de um terremoto, no topo do penhasco. Procuramos e encontramos materiais com os quais podíamos fazer tochas e então descemos pela abertura. Quando havíamos percorrido cerca de 12 metros, atingimos uma ampla saliência, onde podíamos nos postar e ter uma visão da vasta área abaixo de nós. Até onde conseguíamos enxergar, havia construções e ruas cheias de todo tipo de objetos estranhos. Percebemos que a saliência na qual estávamos era, na verdade, parte de um telhado desabado. Pulamos no piso do andar superior da estrutura e atingimos o nível da rua por uma escada de pedra.
Em nossa exploração limitada de Trelha-Sye, nos deparamos com muitos tipos de construções e com o que já fora as moradias dos habitantes originais da cidade. Também encontramos vários carros aéreos inoperáveis e um veículo circular, do qual um dos três trens de aterrissagem esféricos estava a vários metros, O veículo emitia um zunido baixo e era quente ao toque. Não encontramos a entrada da nave e estávamos exaustos demais para procurar muito tempo sua porta de entrada, Os corpos dos habitantes originais há muito tinham virado pó, assim como a maior parte de sua mobília e roupas. De vez em quando, encontrávamos uma jóia de metal finamente fabricada, e havia muitas imagens esculpidas de pessoas e animais por toda parte.
Encontramos uma pequena fonte de água murmurante e acampamos junto dela por vários dias, enquanto tentávamos planejar o que fazer a seguir. Tínhamos plena consciência do fato de que nenhum de nós tinha energia psíquica suficiente para propelir nosso carro aéreo de volta a Shallo-Bain. Escolhemos dois de nós para voltar à margem do rio para pegar mais peixes mortos, pois estávamos sem comida alguma. Mas nossos provedores de alimentos jamais retornaram. Um dia depois de nosso grupo se dividir, a cidade sofreu os efeitos de um grande cataclismo. Várias das construções desmoronaram a nosso redor e grandes quantidades de água inundaram rapidamente a cidade. De todas as direções vinha um barulho ensurdecedor parecido com um grito humano agudo. Debati-me nas águas revoltas da enchente até me afogar.
Descobri depois que o acontecimento geológico que encerrou aquela vida física em particular foi a repentina rotação e movimentação de mais de 3.000 quilômetros para o norte da crosta terrestre (n.t. Movimento da Litosfera, chamado por Charles Hapgood de Teoria da Deriva Continental, em trabalho publicado ainda em 1958). As posições dos pólos geográficos e magnéticos do planeta não se modificaram, mas uma grande pressão causou o deslizamento da crosta sobre sua camada subjacente liquefeita, que atuou como um lubrificante.
Tenho conhecimento de que você [Wesley Bateman, o autor] e outras pessoas visitaram o local onde ficava Trelba Sye em várias ocasiões e fotografaram algumas características exteriores da cidade que ainda são reconhecíveis. Caso recebam uma luz afirmativa de orientação divina para entrar no lugar, estejam preparados para cavar muito, pois sei que eras de inundações encheram o local desde o solo até o teto de areia muito grosseira.
Continua …
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