TROME de SATURNO (Titã/Omuray) – Históriasde Maldek, da Terra e do Sistema Solar, Parte II.
Traduzido do Livro “THROUGH ALIEN EYES–Através de Olhos Alienígenas” escrito por Wesley H. Bateman, telepata da FEDERAÇÃO GALÁCTICA, páginas 37 a 69.
“Os Mundos são como grãos de areia na ampulheta que mede o tempo cósmico, e a terra vai ser a última a se estabelecer nesse relógio de areia cósmica antes que ele seja reiniciado novamente pelo criador de tudo o que é. Então os nossos espíritos vão novamente ser vivificados e brilharão com as maravilhas do propósito divino que nós nunca soubemos haver existido.” Eu Sou Ther-Mochater do planeta Parcra
Tradução, acréscimos e imagens: Thoth3126@gmail.com.
Tradução do Livro “THROUGH ALIEN EYES–Através de Olhos Alienígenas”, escrito por Wesley H. Bateman, telepata da FEDERAÇÃO GALÁCTICA, páginas 37 a 69.
Segue a narrativa de Trome: Quase 600 sumerianos e 65 de meus parentes consangüíneos (inclusive Graforet) passaram pelo processo indispensável que os transformou de seres que respiram nitrogênio em seres que respiram a atmosfera saturada de oxigênio da Terra. Deixei de respirar ar rad, que estivera respirando na Commiva, e passei a respirar oxigênio. Depois desse tipo de conversão, foi necessário ser vacinado para prevenir as doenças da Terra, bem como aquelas introduzidas por imigrantes de outros mundos.
Quando isso foi concluído, saímos de Omuray em uma espaçonave da Federação que possuía atmosfera interior de ar da Terra. Chegamos à Terra no momento exato em que o Sol se erguia no horizonte.
Nossa tarefa era estabelecer um posto para o recebimento dos que chegassem a partir daquele momento dos planetóides Sumer. Ficava na região que hoje vocês chamam de Iraque. Uma descrição das providências que tínhamos de tomar para receber e sustentar 3,8 milhões de pessoas, mesmo com a ajuda da Federação, ultrapassaria o número de páginas que vocês reservaram a este texto. Basicamente, a produção e a conservação de alimentos constituíam uma prioridade, pois as bactérias da Terra faziam com que se estragassem com facilidade. Abrigos e vestimentas também eram importantes, porque, pela primeira vez em suas vidas, os habitantes dos planetoides Sumer estavam expostos às mudanças de estações. As temperaturas de inverno na Terra eram quase intoleráveis, e muitos morreram devido a elas.
Muitos dos vivos buscaram o calor das piras fúnebres dos mortos. A maioria das pessoas que possuíam treinamento médico foram mantidas nos planetóides. Descobrimos que a razão disso eram as chuvas freqüentes de grandes quantidades de meteoros maldequianos sobre os mundos, provocando grande número de mortes e ferimentos. Primeiro, apenas os saudáveis vieram para a Terra, então, os que conseguiam andar vieram cambaleando juntamente com o pessoal médico, e por fim aqueles que, embora gravemente feridos, conseguiram tolerar o processo de conversão para oxigênio. Com esse último grupo veio o pessoal médico que sobrevivera aos bombardeios de meteoros.
Uma coisa boa era que as sete espaçonaves que nos foram originalmente cedidas pela Federação forneciam mais do que o suficiente de energia elétrica. O uso dessa energia ajudou muitíssimo a maioria de nós a sobreviver, mas também causou inveja em algumas das pessoas vindas de outros mundos que não dispunham de fontes de energia elétrica. Partilhamos essa energia com nossos vizinhos até que capacidade de fornecimento das sete espaçonaves se esgotou. Essa política de boa vizinhança protegeu nossas fronteiras de invasores por vários anos. Tasper-Kane deslocou seu grupo de planejadores para a Terra e me reuni a ele. Enquanto meu povo lutava para se adaptar e sobreviver na Terra, nós, do grupo, viajávamos pela superfície da Terra e visitávamos os líderes dos povos que foram, em certa época, nativos dos planetas Vênus e Marte, bem como aqueles vindos dos planetoides dos radiares Relt (Júpiter) e Trake (Netuno). Havia milhões dessas culturas transplantadas que sofriam os mesmos problemas de adaptação e sobrevivência — e, em alguns casos, lutavam contra mais problemas do que nós, do sistema Sumer.
O propósito desses contatos era instituir uma cooperativa para o benefício mútuo de todas as culturas. Os recursos da Federação estavam sobrecarregados no limite. Era cada vez mais difícil para seus membros fornecer transporte e provisões variadas para milhões de pessoas à medida que as diversas populações cresciam em virtude de nascimentos e da chegada de cada vez mais gente proveniente de seus mundos particulares. A maioria dos nativos da Terra (mas nem todos) se ressentia de nossa interferência e escolhia seguir as imposições contraprodutivas de seus mestres maldequianos. Muitos maldequianos haviam sobrevivido à destruição de seu planeta, pois se encontravam na Terra ou em outro lugar quando se deu o calamitoso acontecimento. Os maldequianos não demonstravam pesar visível pelo fato de terem destruído seu próprio planeta, ou pelo fato de serem responsáveis pelos sofrimentos e tristezas de tanta gente.
Chegaram ao ponto de exigir tributo material daqueles de nós que éramos forçados a viver em seu meio. Acabaram por extorquir de nós várias formas de pagamento, ameaçando-nos e usando a força militar. Quando invadiram fisicamente nossa terra adotiva, a Federação foi forçada a remover as sete espaçonaves produtoras de energia elétrica para impedir que elas caíssem em mãos maldequianas. O que deveria ser uma medida temporária acabou tornando-se uma situação permanente. Muitas de nossas ferramentas tornaram-se inúteis, então recorremos a métodos mais primitivos. Algo que realmente aprendemos a fazer foi lutar. Aceitamos prontamente a tutela de nossos amigos marcianos na arte da guerra. Os maldequianos não desejavam nos destruir, queriam, sim, subjugar-nos. Um escravo morto era-lhes inútil.
Tasper-Kane e seu primeiro assistente Abdonell sugeriram que tomássemos entre nós os que originalmente haviam vindo do planeta Vênus (Wayda). Essas pobres almas realmente não sabiam como lidar com o ambiente da Terra e os beligerantes maldequianos. Quando esse arranjo foi feito, o 1,1 milhão original de venusianos que haviam vindo para a Terra reduzira-se a cerca de 390 mil. No 28° ano terrestre depois do desaparecimento do planeta Maldek, povos de todas as raças passaram a se queixar que as coisas não tinham o sabor e o cheiro de antes. As abelhas de Graforet não se reproduziam e suas colméias ficaram desertas. Outros tipos de animais desenvolveram comportamentos muitos estranhos. Os ânimos se exaltavam, principalmente na fase de lua cheia e de lua nova.
Esses acontecimentos incitaram a Federação a tomar medidas preventivas e começar a reunir plantas e animais terrestres para colocá-los em outros lugares e a buscar no universo portos seguros para os quais eles poderiam deslocar as populações humanas do atual mundo que as abrigava. Os marcianos foram os primeiros, juntamente com inúmeros dos Filhos nativos da Terra, a ir embora da Terra rumo a um novo lar planetário que orbitava uma das sete estrelas que vocês chamam de Plêiades. Era chamada naquela época, como agora, Estrela/Sol Carrdovan (nós a chamamos de Electra, nas Plêiades), e o mundo era Mollora.
Ajudei na catalogação e reunião da flora e da fauna da Terra, como já fizera com os tipos semelhantes de formas de vida dos planetoides Sumer, só que dessa vez não os acompanhei a seu destino final. Eu não queria ficar nem um minuto longe de meu povo e de minha família. Também desejava permanecer na Terra e fazer o que pudesse para prepará-los e aos venusianos para outro deslocamento a algum local indeterminado aonde esperávamos e rezávamos para poder viver em paz. Os poderes dos Babs estavam perdidos e eles eram incapazes de nos orientar como faziam no passado. Derramamento de sangue e escravidão (tanto físicos como psíquicos) predominavam na Terra.
Cerca de trinta anos haviam se passado desde que minha família e eu deixáramos nosso mundo natal, e eu estava agora com 89 anos terrestres. Alguns anos antes, um grande número de marcianos e um número comparativamente menor de venusianos e os habitantes de Sumer haviam saído da Terra para serem colocados em outro lugar. A maioria dos mundos aos quais os sumerianos tinham ido aceitavam apenas um pequeno número de pessoas. Portanto, muitas pessoas de Marte, Vênus e Sumer não puderam sair da Terra no decorrer daquela vida. Os maldequianos agora dispunham de aeronaves com as quais podiam impor suas ordens sobre as pessoas de outros mundos. Todos acabaram por aceitar o fato de que os maldequianos tinham o controle total — até a Federação.
A Federação continuou procurando locais biologicamente adequados para onde poderia nos transportar e, às escondidas, nos fornecia produtos pelas costas de nossos governantes maldequianos. Continuou fazendo isso até a época das Grandes Catástrofes começarem no planeta Terra/Sarus. O início desses acontecimentos terríveis foi descrito pelo marciano Senhor Sharmarie quando narrou sua primeira vida. Não posso melhorar sua descrição, posso apenas acrescentar que, no terceiro dia depois do início das chuvas torrenciais, eu e minha mulher Graforet, encolhidos em nossa casa de tijolos de barro, morremos quando ela desmoronou em cima de nós.
ENQUANTO ISSO: As calamidades geológicas que se iniciaram na Terra depois de minha primeira vida continuaram intermitentemente em graus variados de intensidade durante cerca de 1.750 anos. E, embora esses acontecimentos desastrosos não cessassem por completo, eles realmente se nivelaram a ponto de os terremotos ocorrerem com menos freqüência e raramente excederem a magnitude de 6,2° em sua escala Richter de medida. A vida humana, animal e vegetal sobrevivente experimentara um desenvolvimento drástico. Os seres humanos foram reduzidos a alturas que ficavam entre 26,4 cm e 1,39 m. Seus corpos eram cobertos por pelos. Sua capacidade de pensar e raciocinar era muito prejudicada pelos efeitos intensos da Barreira de Freqüência então predominante. Os seres humanos daquela época sobreviviam mais ou menos por meio de instintos semelhantes aos que são atribuídos hoje aos animais selvagens. A duração média de vida era de aproximadamente dezenove anos. Essa época da história é denominada, pelos seres do estado aberto, o “primeiro platô de equilíbrio geológico.”
Como a Barreira de Freqüência é mentalmente prejudicial a todos os tipos de seres humanos, a Federação e todos os que conseguiam viajar pelo espaço passavam ao largo do planeta Terra e também do sistema solar local. Nesse meio tempo, a Federação se expandiu para vários outros sistemas solares, alguns dos quais se localizavam em outras galáxias. Com o correr do tempo, os problemas e considerações seculares da Federação, relacionados com as diversas culturas humanas do universo, tornaram-se secundários em relação ao que se consideravam questões espirituais muito importantes.
Por muitas razões, essas novas prioridades levaram o planeta Terra de volta à cena. Foi desenvolvida uma nova tecnologia que permitiu às espaçonaves da Federação e suas tripulações operar por períodos curtos de tempo dentro do campo de influência da Barreira de Freqüência. Estudos preliminares da situação geológica da Terra indicaram que em alguma época desconhecida, o planeta se curaria de sua doença da Barreira de Freqüência, e que algum dia chegaria a hora em que ela e seus efeitos mentais danosos deixariam de existir por completo.
Desde pouco depois do início do primeiro platô de equilíbrio geológico até hoje, a Federação vem monitorando o progresso da Barreira de Freqüência e as mudanças biológicas nas diversas formas de vida do planeta. Minha última vida na Terra foi há mais de oito mil anos. Desde então, vivi duas vidas dentro do ilimitado estado mental aberto (não afetado pela Barreira de Freqüência da Terra).
Eu estava e ainda estou a serviço da Federação, envolvido no estudo dos efeitos daBarreira de Freqüência sobre a vida vegetal e animal, e com a reintrodução final dos tipos da fauna e flora existentes anteriormente à Barreira de Freqüência, que atualmente se encontram de alguma forma preservados nos cofres do armazém biológico da Federação (um colossal banco e depósito genético da vida universal) ou que vivem em inúmeras reservas de caça situadas em vários pontos do universo. As localizações dessa reservas são altamente confidenciais.
Atualmente, tenho 2.108 anos terrestres de idade, mas fisicamente não me dariam mais de 35. Se não fosse pela Barreira de Freqüência, eu poderia andar livremente na rua de uma cidade da Terra (exceto talvez no Oriente) sem atrair nenhuma curiosidade ou atenção. Compreendo que vocês queiram que eu narre os acontecimentos e experiências de pelo menos quatro das vidas que vivi na Terra desde minha primeira vida. Muitas delas foram um tanto semelhantes, em especial as mais recentes. Mesmo assim, as vidas mais recentes devem ajudar a esclarecer certas questões atualmente existentes em relação às antigas civilizações da Sumériae da Babilônia.
OS DACKEYS: Cerca de 632 mil anos depois do início do primeiro platô de equilíbrio geológico, nasci na região montanhosa da terra que é hoje a Turquia. O nome de meu pai era Tasido e o de minha mãe era Masyna. Morávamos em um povoado de casas de pedra com mais cerca de 450 pessoas. Chamávamos a nós mesmos de os dackeys. Disseram-me, quando eu era muito jovem, que eu era bisneto de um deus. Fui também informado que minha bisavó tivera relações com um deus que ela encontrara certo final de tarde, enquanto cuidava do rebanho de cabras de seu pai. Sua narrativa terminava com a descrição de seu amante divino entrando no corpo de um pássaro prateado e voando para o céu. A experiência de minha bisavó era aceita como verdade, pois inúmeras outras jovens de seu tempo e de nosso povoado também reivindicavam a mesma experiência. De fato, houve muitas discussões entre mulheres de todas as idades quanto a de quem era a vez de cuidar dos rebanhos.
Nossa religião e nossas crenças espirituais, desde que nos lembrávamos, eram influenciadas por lendas de encontros com seres vindos do céu. Acreditávamos em reencarnação (vida física na forma humana após a morte) e, que em alguma vida futura ganharíamos, praticando boas ações e amando uns aos outros, o direito de viver entre os deuses em suas moradas celestiais. Até mais ou menos a idade de dez anos, eu nunca vira um deus nem os pássaros prateados nos quais eles voavam para lá e para cá. Naquela época, observei, juntamente com muitas outras pessoas, um objeto prateado em forma de ovo sobrevoar nosso povoado.
Muitos de meus amigos de brincadeiras também reivindicavam descendência divina, e inventávamos jogos imaginários nos quais possuíamos poderes divinos que nos permitiam voar e realizar façanhas milagrosas. Outros garotos usavam sua descendência divina (indicada pelos nossos cabelos e barbas negros, sedosos e ondulados) para inspirar o interesse romântico nas jovens.
Os campos que circundavam nosso povoado estavam repletos de muitos tipos de vida animal, em especial uma espécie parecida com o atual canguru. Também vagueavam por ali bandos de humanos que chamávamos os zains. Esse povo era muito primitivo e se comunicava por meio de grunhidos e gestos de mão. Não conhecia o fogo e, na verdade, fugia dele, gritando e escondendo os olhos. Lembro-me de certa vez, quando um zain que havia sido muito machucado por um animal predador veio a nosso povoado em busca de ajuda, que demos prontamente.
Enquanto seus ferimentos estavam sendo tratados, uma mulher, obviamente sua companheira, movia-se impaciente nos limites do povoado, lamentando-se tristemente. Incapazes de salvar a vida do zain, deixamos seu corpo a vários quilômetros do povoado. A mulher zain sentou-se ao lado do corpo durante vários dias e então foi-se embora. Naquela noite, o corpo desapareceu.
Sugeriram que os deuses talvez viessem morar entre nós se lhes construíssemos um lugar adequado para viver. Esse pensamento nos inspirou a construir o que pode ter sido o primeiro templo ou igreja construído na Terra depois do início da Barreira de Freqüência. Paredes simples de pedras não serviriam, então foram cortadas pedras em blocos e meticulosamente adornadas. A construção levou cerca de oito anos para ser concluída. Bem no topo da estrutura piramidal ficava uma câmara onde os deuses poderiam, com privacidade, ter relações com qualquer jovem que escolhessem dentre um grupo selecionado de nossas mais belas mulheres. Cada uma das mulheres desse grupo (uma de cada vez) ao pôr-do-sol subiria as escadas até a câmara superior do templo e lá permaneceria até o alvorecer. Por muitos anos, nenhuma delas contou ter se encontrado de que maneira fosse com um deus durante sua vigília noturna.
Certa manhã, uma mulher chamada Darrie desceu as escadas do templo, aninhando nos braços uma bela esfera de cristal. Sem dizer uma palavra, entregou a esfera ao irmão de meu pai, Bellarbus, e então partiu para as montanhas, para nunca mais ser vista. Supusemos que ela fora embora para se reunir fisicamente aos deuses. Meu tio Bellarbus sentava-se nos degraus do templo entre outros homens e mulheres do povoado e fitava o interior da bola de cristal. Ele nos informou que, ao fazer isso, conseguia ouvir e ver os deuses. Ninguém duvidava de que ele tivesse essa capacidade, pois conseguia prever com muitas horas de antecedência quando os “deuses” sobrevoariam o povoado em seus ovos prateados. Ele nos disse que os deuses estavam satisfeitos por termos construído o templo, e nos incentivou a continuar a construção como fora planejado. As escadas do templo eram esvaziadas ao pôr-do-sol para que outra sacerdotisa pudesse subir à câmara superior na esperança de se encontrar com um deus.
Descobri depois que meu tio Bellarbus foi, numa vida anterior, um dos Babs que buscavam orientação divina fitando a superfície da esfera reluzente [Saturno/Sumer] que era e ainda é o radiar Sumer.
Nos anos seguintes, todos os habitantes do povoado tiveram a oportunidade, em seu aniversário, de perscrutar o interior da bola de cristal, e alguns narraram uma experiência espiritual ao fazer isso. Todas as minhas tentativas de olhar dentro do cristal em busca de uma visão acabaram por mostrar sua transparência clara se tornando azul e se enfumaçando. Como todos conseguiam enxergar essas mudanças físicas na bola, tornei-me objeto de muitas brincadeiras. A esfera de cristal acabou por ser guardada na câmara superior do templo à noite. Assentava num altar nas mãos em forma de concha finamente esculpidas representando as mãos da mulher Darrie, que trouxera originalmente essa dádiva dos deuses ao povo.
Aos 17 anos casei-me com uma garota chamada Soogee, e seguimos acrescentando duas meninas e um menino à crescente população de dackeys. O índice de natalidade tornou-se bem alto — mesmo nossos rebanhos de vários tipos de animais domesticados apresentavam um crescimento extraordinário. Mas observamos que os bandos de zains se reduziam em tamanho. Certa manhã, tio Bellarbus convocou todo o povo ao templo e informou-nos que os deuses nos instruíram a abandonar nosso povoado muito confortável e nos mudarmos para o sul. Disseram-nos que devíamos fazer isso para nos esquivar de um grande bando de gente assassina que logo nos atacaria vindo do leste. Três dias depois, queimamos nossas casas (mas não o templo) e iniciamos nossa jornada rumo a uma nova terra cuja localização somente os deuses conheciam. Viajávamos com lentidão, pois nossa velocidade era imposta pelas necessidades de água e alimentos de nossos rebanhos — itens que se tornavam cada vez mais difíceis de encontrar a cada passo que dávamos em direção ao sul.
O relevo era acidentado e a terra passava de cobertura esparsa de relva a deserto estéril. Contávamos inteiramente com chuvas ocasionais para nos fornecer a água para nossas necessidades. A chuva tão necessária parecia ocorrer quando os ovos prateados dos deuses pairavam nos céus acima de nosso grupo sedento. Depois de cerca de seis meses de viagem, água e pastagem outra vez se tornaram abundantes e um de nossos grupos avançados retornou e nos disse ter observado, de uma colina elevada, um grupo de edificações a distância. Tio Bellarbus consultou a esfera de cristal e informou que as edificações que estavam adiante eram nosso destino final. Embora estivéssemos exultantes, aproximamo-nos da cidade murada com certa cautela.
Antes de chegarmos a seus portões, encontramos muitos tipos diferentes de pessoas que moravam em tendas, até algumas parecidas com zains. Falavam-nos em uma profusão de idiomas que não compreendíamos. Essas pessoas nos olhavam com curiosidade, mas sem medo. Um grupo de homens altos, vestindo armaduras leves e carregando lanças veio a nosso encontro. Nunca havíamos visto nada parecido com eles e ficamos imaginando porque se vestiam de forma tão desconfortável. Eu estava no meio de um pequeno grupo de nosso bando que fora autorizado a entrar na cidade e escoltado até uma grande casa (palácio) situada no centro da cidade.
Fomos levados à presença do comandante supremo da cidade e das pastagens que a circundavam. O rei Rabbersinus era um homem gentil e sábio. Disse-nos que o nome da cidade era Knoore. Depois de certo tempo, aprendemos a falar o idioma da cidade e fomos convidados a fixar residência, juntamente com nossos grandes rebanhos, na área que quiséssemos fora dos muros da cidade. Contamos ao rei sobre os perigosos invasores vindos do nordeste que poderiam ocupar sua terra.
Ficou apreensivo com essa possível ameaça, mas nos disse que no passado vários grupos hostis haviam tentado sem êxito subjugar Knoore. Era por essa razão que ele tinha a seu serviço um número não muito grande de soldados. Descobrimos, por meio de diversas fontes, que os ancestrais do rei Rabbersinus haviam chegado à região cerca de 200 anos antes de nós, encontrando as ruínas de uma cidade deserta. Posteriormente, reconstruíram a cidade e admitiram a presença de outros povos nômades que, com o passar dos anos surgiram, em busca de refúgio e proteção.
Rabbersinus escutou nossas alegações de que descendíamos dos deuses e nossas histórias de como construíramos um templo e adquiríamos nossa esfera de cristal. Ele vira ovos prateados sobrevoando sua cidade no passado e se pusera a pensar sobre eles. Sabia que tinham origem divina, mas não fazia idéia de que razões teriam para se revelar dessa forma a mortais. Depois que tio Bellarbus profetizou vários acontecimentos futuros que se realizaram, ele e o rei tornaram-se inseparáveis e um novo templo, mais grandioso do que o que construíramos em nossa terra natal, foi iniciado. O mais velho dos sete filhos de Rabbersinus, de nome Kalt-Rapanine, era o líder de um grupo de homens que passavam o tempo estudando os mistérios da vida. Esse grupo deu origem a coisas como a escrita, o papel, as roupas de algodão e a roda.
Eles fundaram escolas que ensinavam medicina e arte. Kalt-Rapanine tinha grande admiração pelas mãos de rocha esculpida de Darrie que ainda seguravam a esfera de cristal, nosso elo com os deuses. Ele reuniu todos os que haviam visto Darrie antes de sua partida e obteve deles sua descrição física. A partir de suas lembranças muito nítidas, Rabbersinus criou uma linda estatua em tamanho natural da senhora, que se tornou o objeto de unidade espiritual para todos os povos do reino de Knoore. Kalt-Rapanine, a exemplo do pai, era um bom homem. Fico feliz em saber que, em uma de suas vidas posteriores, ele atingiu o Pensamento Infinito e que sua alma eterna se reuniu à consciência divina do Criador de Tudo Que É.
Ao Longo de um período de vários anos, a cidade de Knoore espalhou-se para além dos limites de seus muros. Não se pensava em construir muros de proteção, pois os antes temidos invasores do leste nunca mais foram vistos, tampouco deles se ouviu falar novamente. De vez em quando, os deuses sobrevoavam Knoore em seus ovos prateados, e as centenas de tipos de povos do reino os louvavam aos gritos, aos quais os deuses respondiam com movimentos de vaivém e com o piscar de luzes coloridas brilhantes. No novo reino, como em nosso antigo lar, foi dada a cada pessoa a oportunidade, em seu aniversário, de olhar dentro da esfera, e diariamente formavam-se filas em frente ao templo.
Antes do nascer do sol, certa manhã, o rei Rabbersinus e tio Bellarbus convocaram seus respectivos povos a se reunir no templo e nos deram suas bênçãos. O rei deu o cetro de comando a Kalt-Rapanine, que relutou muito em aceitá-Lo. O par de idosos se comportava como crianças agitadas. Beijaram a esfera de cristal diversas vezes e, então, foram sentar-se em meditação silenciosa no canto do templo. Quando os primeiros raios do Sol dançaram na superfície da esfera de cristal, eles se levantaram como num transe e nos deixaram sem dizer palavra. Dos muros da cidade original, observamos os dois andando pelo mercado e então rumo aos limites das construções externas. Num movimento lento de descida, um ovo prateado dos deuses aterrissou na Terra diante deles. Na lateral da nave apareceu uma porta.
Essa porta emoldurava o corpo de uma bela mulher com os braços abertos num gesto de boas-vindas. Envergava uma bela vestimenta diáfana azul. A meu redor, ouvi inúmeras pessoas do grupo murmurar: “Darrie — é Darrie.”
Pelos nossos rostos corriam lágrimas de alegria enquanto a nave que levava nossos amados rei e sumo sacerdote se elevava no céu e desaparecia na direção do Sol nascente. A partir daquele dia, toda a gente de Knoore esperava e sonhava que algum dia os deuses viriam e a levariam a seu lar celestial que existia em algum lugar acima das nuvens. Nos anos que se seguiram, considerava-se que qualquer pessoa que desaparecesse nos campos sem deixar vestígio possivelmente teria sido levada ao paraíso pelos deuses. Kalt-Rapanine não se interessava pelos deveres tediosos de um rei, preferindo estudar com seus grupos de eruditos. Ele proclamou que entregaria seu título a quem pudesse realmente entrar em contato com os deuses por intermédio da esfera de cristal.
Essa capacidade divina foi logo demonstrada por Marqua, uma adolescente com uma perna ligeiramente defeituosa. Ela narrou a Kalt-Rapanine um procedimento cirúrgico que os deuses haviam lhe contado para restituir sua perna à condição normal. Esse procedimento foi realizado com sucesso sem anestesia enquanto Marqua fitava o interior da esfera de cristal e orientava o trabalho dos médicos. Ela reinou como rainha e suma sacerdotisa por muito tempo e se casou com um bisneto de meu sangue. Vivi até a idade de aproximadamente 204 anos, morrendo tranqüilamente enquanto dormia. Descobri posteriormente que, quase 850 anos depois de minha morte naquela vida, o reino pacífico de Knoore foi arrasado por invasores vindos do leste e mais tarde reduzido a ruínas por terremotos poderosos. A Barreira de Freqüência uma vez mais tornou-se drasticamente prejudicial e a Terra e os que viviam nela sofreram mutações biológicas e se precipitaram nas trevas da ignorância. Continua …
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