Traduzido do Livro “THROUGH ALIEN EYES – Através de Olhos Alienígenas”, escrito por Wesley H. Bateman, Telepata da FEDERAÇÃO GALÁCTICA, páginas 155 a 194.
“Eu estava lá quando o fogo da primeira estrela da criação produziu luz e seu criador a abençoou. Sim, pois no início dos tempos você era uno com o Criador De Tudo O Que É e será novamente”. – Sou Stiyler de Peckrant.
Tradução, edição e imagens: Thoth3126@gmail.com
Traduzido do Livro “THROUGH ALIEN EYES – Através de Olhos Alienígenas”, escrito por Wesley H. Bateman, Telepata da FEDERAÇÃO GALÁCTICA, páginas 155 a 194.
A Viagem ao planeta MALDEK: O interior da nave graciana não tinha materiais metálicos nem fabricados pelo homem, era, sim, decorada por diferentes tipos de madeira natural. Muitos dos instrumentos usados na operação da nave eram embutidos em gabinetes entalhados com imagens de animais e gente em detalhes primorosos.
Os assoalhos acarpetados apresentavam padrões tridimensionais que faziam com que sentíssemos às vezes que, ao dar mais um passo, tropeçaríamos num vazio interminável. Depois de certo tempo, a mente se acostumava com essas ilusões, proporcionando‑nos uma sensação emocionante de arrojo ao desafiar essa autêntica “realidade virtal.”
Alfora e eu recebemos um pequeno quarto de dormir particular com banheiro. Tínhamos permissão de ir sozinhos praticamente para onde bem quiséssemos na espaçonave. Os gracianos às vezes preferiam que entrássemos em algumas áreas da nave apenas se estivéssemos acompanhados por alguém da tripulação. Descobrimos que havia mais de 70 pessoas a bordo da espaçonave, mas apenas um pequeno número desses passageiros tinha Maldek como destino final. Os maldequianos que estavam a bordo se isolavam, e raras vezes vi Sou‑Dalf durante a viagem.
Fazíamos nossas refeições com vários gracianos e inúmeras pessoas pequenas de pele negra que sorriam um bocado, mas cujo idioma eu não conseguia entender. A comida era servida em bufê. Os gracianos eram muito amistosos e nos fizeram sentir bem‑vindos. Tentei fumar seus charutos, mas nunca consegui me acostumar a eles. Até as mulheres gracianas davam baforadas nessas coisas, usando piteiras para charuto decoradas com jóias de vários comprimentos. Tive permissão de visitar a área de controle do veículo, a partir da qual três jovens gracianos operavam a nave. Um deles parecia não ter mais de dez anos terrestres. Os demais pareciam estar na adolescência. Meu acompanhante graciano mais velho me disse que a nave não aterrissaria em Maldek, e sim que viajaria para sua base de origem no planeta GRACYEA depois que nosso grupo desembarcasse.
Nas primeiras horas de nosso vôo, uma graciana tomou Alfora sob sua proteção e desapareceu por bastante tempo com ela. Quando vi Alfora novamente, ela fora banhada e vestia um belo traje emplumado de estilo graciano. Sou‑Dalf olhou para Alfora de uma forma que me fez ficar com muita raiva. A senhora graciana me disse que a maneira de proteger Alfora de Sou‑Dalf era eu me casar com ela por meio de uma cerimônia graciana, pois naquela época os maldequianos respeitavam os costumes gracianos. Segui seu conselho e me casei com Alfora em menos de uma hora. Ficamos juntos pelo resto de nossas vidas. Ela foi minha única mulher, como é atualmente nessa vida atual. Enquanto conto minha história desses primeiros tempos, ela está sentada perto de mim, ocasionalmente me lembrando para não esquecer de lhe contar isto ou aquilo sobre nossa primeira vida juntos.
TRÊS ANOS EM MALDEK
Como me informaram anteriormente, a espaçonave graciana não aterrissou em Maldek. O grupo de Sou‑Dalf, que incluía Alfora e a mim, foi transportado por um ônibus espacial da órbita estacionária do planeta maldequiano para a atmosfera do planeta, a seguir para um complexo de edifícios e palácios magníficos. Aterrissamos numa grande plataforma de pedra localizada na frente de um dos mais belos edifícios que eu já vira. Tinha colunas de alabastro com mais de 240 metros de altura. Partes do edifício pareciam suspensas no ar. O aroma do lugar era maravilhoso, embora indescritível. Árvores e jardins floridos circundavam o lugar. (Seriam necessárias muitas páginas para descrever o lindo planeta de Maldek e sua magnífica natureza e arquitetura.)
O planeta e suas construções eram deslumbrantes para qualquer pessoa de outro mundo, mas os maldequianos tratavam essas maravilhas de uma forma indiferente e insensível. Todas as edificações haviam sido construídas no passado remoto de acordo com algum plano mestre. Nunca vi nada ser construído; era como se tudo o que quisessem ou viessem a querer já estivesse lá, construído por seus laboriosos ancestrais. Ao aterrissarmos fomos conduzidos ao palácio. Os assoalhos do primeiro salão nobre em que entramos parecia um profundo oceano verde‑amarelado claro com tetos da cor do céu de mais de 240 metros de altura. Era silencioso e vazio. Andamos até chegar a uma esteira rolante na qual subimos. A esteira rolante tinha cerca de 5,5 metros de largura e nos deslocou silenciosamente por panoramas esculpidos coloridos com tintas que continham pedras preciosas em pó fundidas a altas temperaturas nas esculturas.
Nossa excursão durou cerca de dez minutos e fomos recepcionados por um soldade de elite krate aparentemente desarmado vestindo túnica branca e sandálias de ouro. Ao redor de cada um dos braços, ele trazia enroladas peças na forma de serpentes douradas. As cabeças dessas cobras se ligavam aos dedos indicadores. Descobri depois que essas serpentes eram, na verdade, armas da guarda do palácio. Podiam ser ativadas com a contração de um dedo, injetando um veneno de ação rápida no corpo de uma pessoa de outro mundo, matando‑a instantaneamente. O veneno não tinha efeito sobre os maldequianos.
Fomos escoltados pelo krate ao longo de outro corredor grandioso até uma sala repleta de diferentes tipos de pessoas de outros mundos e de vários maldequianos com ar muito preocupado. Embora a sala estivesse lotada, estava muito silenciosa; todos falavam sussurrando. Havia música suave vindo de uma fonte desconhecida. Disseram a Alfora e a mim para esperar nessa sala e Sou‑Dalf foi para outro lugar com o soldade krate. Descobrimos que as pessoas que esperavam nessa sala estavam ali ou porque houvessem sido convocadas ou porque tinham uma razão pessoal para entrar em contato com o órgão governante maldequiano. Os maldequianos de aspecto preocupado eram alguns dos que haviam sido convocados. Simms andavam pela sala carregando bandejas de bebidas refrescantes de frutas.
Depois de esperar cerca de quatro horas, uma simm elegantemente vestida se aproximou de nós chamando‑me pelo nome e me pediu para ir com ela. Alfora e eu a seguimos até um elevador que nos levou para cima a uma daquelas partes do palácio que pareciam suspensas no ar. Nessa plataforma aberta, havia um pequeno carro aéreo com um simm no controle. A simm, chamada Orbeleen, entrou no carro conosco. Logo nos aproximamos de um complexo de edifícios que se estendia por quilômetros. Os edifícios tinham vários andares e sua arquitetura poderia somente ter sido copiada da memória de alguém que já visitara um lugar construído pelos deuses (elohim). Não consegui compreender como esses lugares poderiam ter sido construídos ou projetados por seres humanos. Então entendi porque um Orna maldequiano dizia a um Toibe esperar que ele visitasse Maldek logo.
Durante várias vidas desde então, visitei outros mundos, até o planeta Nodia, cujo povo posteriormente se tornou o mais implacável adversário dos maldequianos e que já tinham ultrapassado os maldequianos em todas as formas de tecnologia na época de minha primeira vida. Os dois mundos não poderiam ser mais diferentes. As construções nodianas eram grandiosas, mas até hoje são continuamente modificadas, pois os nodianos estão sempre alertas a melhoramentos. Os primeiros nodianos eram uma gente arrogante, mas sua cultura se abrandou com o passar dos anos. Eles possuem senso de humor, mas podem ficar instantaneamente sérios. Atualmente, os nodianos e alguns maldequianos “reformados”(que se voltaram para seguir a Luz abandonando as Trevas) se dão bem uns com os outros.
Depois de descermos numa plataforma de aterrissagem rodeada por lindas árvores e plantas em flor, fomos levados a uma casa cujo telhado pontiagudo ficava ao nível do chão e era constantemente banhado por duas cachoeiras iguais. Entramos na casa por uma porta tipo alçapão de cristal vermelho localizada no telhado entre as cachoeiras, a seguir descemos um lance de escada. Era uma casa de diferentes níveis, contendo oito dormitórios espaçosos. O maior dos quartos dava para um despenhadeiro com uma queda de cerca de 180 metros. A única saída dessa mansão era por onde entráramos. Fiquei muitas horas sentado diante de uma janela na grande sala de estar, olhando as belas construções e panorama de Maldek abaixo. Enquanto estava sentado lá contemplei meu futuro e o de Alfora. Fiquei imaginando o que minha família acharia de minha mulher, que nunca haviam visto.
Orbeleen apresentou‑nos à nossa equipe de três criados simms, duas jovens e um homem bem mais velho. Levou algum tempo para Alfora entender o que um criado realmente era. Foi uma revelação para uma menina que, há menos de duas semanas, vivia num casebre às margens de um rio a cozinhar peixe numa fogueira. Os armários estavam repletos de todos os tipos de roupas guardadas em envoltórios transparentes. Algumas eram chamadas de roupas formais por Orbeleen, que disse que nos avisaria quando nos vestir com esses trajes. Antes de nos deixar naquele dia, disse‑nos que qualquer pedido que tivéssemos deveria ser transmitido a ela por intermédio do velho simm, Tarnbero.
As outras casas e apartamentos dessa área especial estavam ocupados exclusivamente por pessoas de outros mundos. Gradualmente, conhecemos muitos dos habitantes do complexo. Nós os visitávamos em suas residencias e descobrimos que também eram servidos por simms que respondiam diretamente a Orbeleen. O local em que residiam, como o nosso, tinha apenas uma saída e entrada comuns.
Durante os três anos terrestres que passamos em Maldek, nunca saímos do complexo residencial. Nossa vida social girava em torno de reuniões com grupos de outros mundos nas quais partilhávamos informações sobre nossas culturas de origem. Ficamos sabendo da existência de rádio, televisão, fotografia, procedimentos médicos avançados e práticas religiosas diferentes. Eu ficava pensando porque os maldequianos não tinham, ou não utilizavam, o conhecimento desses sábios de outros mundos. De fato, nenhum maldequiano jamais compareceu a qualquer um desses encontros. Para nós, era como se não existissem maldequianos vivendo em Maldek.
Minha interação com os vários tipos de pessoas de outros mundos no complexo proporcionou‑me uma cultura em línguas que eu não poderia ter adquirido em outra parte. A necessidade de saber sobre o que nós, dos diferentes mundos, falávamos tornava necessário aprender rapidamente a linguagem uns dos outros. Minhas habilidades adquiridas em línguas acabaram por ser utilizadas na fase seguinte de minha vida, que se iniciou quando voltei à Terra. Durante nossa permanência em Maldek, vi apenas três maldequianos. Escoltavam pelo complexo o novo embaixador nodiano designado para Maldek e a Terra ‑ Opatel Cre’ator. Naquele dia, ele estava acompanhado por seis homens de sua raça vestidos de uniformes pretos e por seu criado gigante, Corbalslate. O maldequiano conhecido apenas pelo nome simples de Sant foi designado seu intérprete.
Descobri que naquele dia estavam mostrando as acomodações a Opatel e sua equipe. Descobri também que ele recusara o mais opulento palácio do complexo destinado a pessoas de outros mundos. Recusou também vários outros palácios grandiosos fora do complexo. (Sei agora que ele não era o tipo de homem que gostava de entrar e sair por apenas uma única porta.) Providenciaram para ele uma clareira na montanha próxima ao complexo. Na montanha, ele estacionou uma grande espaçonave circular negra. Em sua fuselagem havia a insígnia da Casa de Comércio de Cre’ator, um triângulo prateado com um duplo lado esquerdo. Opatel e seus nodianos se abrigaram dentro da nave, a partir da qual também conduziam seus assuntos diplomáticos. Quando as obrigações diplomáticas de Opatel o levavam para a Terra, lá se ia ele com espaçonave, armas e bagagens, por assim dizer.
No período em que permaneci em Maldek, vi duas vezes a nave de Opatel partir e voltar à sua base na montanha próxima. Nunca pus os olhos em Opatel outra vez enquanto permaneci em Maldek. Cerca de três anos e meio depois, vi‑o novamente duas vezes, uma vez em suas funções oficiais na colocação do cume de cristal astrastone na Grande Pirâmide de Mir/Egito e outra vez quando conversamos em particular certa noite às margens do Nilo.
No período em que permaneci em Maldek, desfrutamos encontros, conversas e o compartilhamento de conhecimentos com várias pessoas de outros mundos no complexo. Cheguei mesmo a gostar e a admirar os cryberantes, grupo de pessoas que, a princípio, era muito reservado, tentando impressionar todos com o fato de saberem as respostas aos maiores segredos do universo. Por alguma razão que ainda tenho de descobrir, os maldequianos tinham um pouco mais de respeito pelos cryberantes (que eram ótimos telepatas) do que por qualquer outra raça do universo.
Os cryberiantes eram de um planeta que orbitava um sistema solar/estelar localizado na Constelação de Lira cuja principal estrela/sol é VEGA. Com o passar do tempo, um número considerável de cryberantes foram levados à Terra e empregados pelos maldequianos para esculpir a estátua atualmente chamada como a Esfinge, na planície de Gizé, em MIR/Egito, sob a qual havia várias câmaras secretas (as últimas descobertas recentemente em 2009). Sei agora que quando as câmaras foram concluídas, os cryberantes que as construíram foram mortos para impedir que revelassem as localizações das câmaras e suas vias de acesso. Havia outras câmaras não-ocultas sob a Esfinge, e foi em algumas delas que Ruke de Parn e sua família se esconderam quando os krates massacraram todos os envolvidos na construção das pirâmides. (Como sabem, os krates culparam os construtores das pirâmides pela destruição de seu planeta natal, Maldek.)
Alfora passava grande parte de seu tempo cuidando do jardim, e suas flores eram abundantes e belíssimas. Durante nossa permanência em Maldek, Alfora ficou grávida. Descobri depois que sua condição apressou nossa partida do planeta, pois os maldequianos não desejavam o nascimento de nenhum filho de pessoas de outros mundos em seu mundo natal, se pudessem evitá‑lo. Na verdade, durante minha primeira vida, nunca vi uma criança maldequiana com menos de cerca de 12 anos.
O planeta Maldek tinha quatro estações como a Terra, mas cada estação era mais longa pelo fato de Maldek descrever órbita (que se localizava entre às órbitas de Marte e Júpiter, onde hoje vemos os fragmentos da explosão de Maldek, o Cinturão de Asteroides) maior ao redor do Sol. Mesmo assim, as atividades de jardinagem de Alfora se estendiam pelo ano todo, pois o clima do complexo era controlado. Durante o inverno, toda a área do complexo era coberta por um campo de força de projeto graciano. Eu gostava dos invernos maldequianos, pois eram uma experiência visual muito bonita. Quando a neve branca que caia entrava em contato com o campo de força, tornava‑se num azul luminoso, e então verde. Os fios verdes d’água desciam pela superfície externa do campo em forma de domo, aquecendo‑se no percurso. Depois de atingir certa temperatura perto da parte inferior do campo, a água se evaporava formando um jorro de luz amarela e vermelha.
Fomos avisados com dois dias de antecedência por Orbeleen que sairíamos de Maldek para a Terra. Chegamos a nosso ponto de partida à noite e encontramos esperando uma grande espaçonave triângular que não era um veículo graciano, e sim de modelo maldequiano. Os operadores da nave e passageiros eram maldequianos, exceto por Alfora e eu. A bordo, encontramo‑nos novamente com Sou‑Dalf que não víamos há três anos. Ele agora vestia o uniforme dos oficiais krates. Sou‑Dalf deu pouca atenção a Alfora e a mim, sendo visto na maioria das vezes em companhia de outro oficial krate de posto igual ao seu, cujo nome era Serp‑Ponder. (Sou forçado a dizer que, se já houve um maldequiano que passei a admirar, foi Serp‑Ponder.
Se não fosse por ele, teria sido morto naquela primeira vida e meu corpo jogado na montanha de corpos dos cryberantes mortos para guardar os segredos da Esfinge.) Quando saímos de Maldek, a única coisa que levamos foi o que trouxéramos e cerca de cem pacotes de sementes de flores. Essas sementes se perderam durante o vôo e nunca mais foram encontradas.
DE VOLTA À TERRA
Nosso vôo de Maldek para a Terra foi bem sossegado. Alfora e eu nos afastamos dos outros e preparávamos a nossa própria comida em nossa área de convivência de um cômodo. Quando aterrissamos fomos deixados a cerca de 4,8 quilômetros de meu povoado natal de Tigrillet sem nem mesmo um até logo. Ficamos no campo aberto com nossos pertences enquanto a nave maldequiana se ergueu, saindo da nossa vista. Confuso, fiquei pensando se deveria ir para a casa dos meus pais ou para a vila dos maldequianos Cro‑Swain e Debettine. Decidi ir para a casa de minha família e apresentar minha mulher. Começamos a andar em direção do povoado quando o Sol descia no poente. À medida que andávamos, escutávamos os sons dos pássaros noturnos. Os sons das matas a nosso redor fizeram sentir‑nos bem por voltar uma vez mais à Terra.
Quando entramos no povoado, encontramo‑lo às escuras, embora a vila maldequiana na montanha estivesse feericamente iluminada, estando agora circundada por diversos outros edifícios de vários andares. Enquanto andávamos pelas ruas desertas, ouvimos alguém cantando e dedilhando um violão. A melodia era uma antiga canção folclórica da Terra, mas a letra fora mudada e traduzida para o idioma de Maldek. Chegando à porta da casa de minha família, encontrei uma bolsa de bolotas (fruto do carvalho) pendurada na aldrava da porta. Era sinal de que os donos da casa não estavam. Alfora e eu passamos a noite ali. Pelo número de velas queimadas, consegui deduzir que a força elétrica para o povoado estava desligada há bastante tempo.
Na manhã seguinte, andamos em direção à praça do povoado e encontramos as pessoas às voltas com seus afazeres como se tudo estivesse perfeitamente normal. A prefeitura estava vazia exceto por dois krates entretidos num jogo semelhante ao xadrez. Não dissemos nada a eles. Depois de nos informarmos um pouco, descobrimos que minha família agora morava com o irmão mais velho de meu pai, Kanius. A fazenda de tio Kanius ficava a cerca de 19 quilômetros do povoado. A medida que andávamos em direção à fazenda, passamos pela pequena usina de força. A estrada de acesso à usina estava guardada por dois jovens terráqueos sem uniforme que pareciam tão ignóbeis quanto os krates. Lançaram‑nos um olhar frio, mas conseguiram dar um sorrisinho quando eu disse olá em maldequiano.
Mais ou menos na metade de nossa viagem, passou por nós uma carruagem puxada por seis cavalos. Seu único passageiro era Deybal Ben‑Volar, que já fora chefe de polícia de nosso povoado (meu pai fora seu chefe suplente). Reconheceu‑me e pediu‑nos para ir com ele, pois estava a caminho de um encontro com meu pai e tio Kanius. Durante a viagem para a fazenda, fez‑me perguntas intermináveis sobre minha visita a Maldek. Ficou muito decepcionado ao saber que, durante nossa permanência, ficáramos isolados no complexo destinado às pessoas de outros mundos, pois eu pouco lhe podia contar sobre Maldek ou seu povo nativo. Senti que o amigo de meu pai queria dizer‑me algo, mas se conteve, pois ainda não tinha certeza se podia confiar em mim.
Alfora e eu fomos alegremente recebidos por minha família. Estavam nos esperando, pois naquela manhã uma arca com moedas de ouro fora entregue para mim ali por um simm. O dinheiro fora mandado por Cro‑Swain em pagamento por meus serviços de acompanhante de Sou‑Dalf. Tio Kanius estava espumando de raiva e me aconselhou a guardar um pouco do que ganhara para pagar o imposto que os maldequianos estavam cobrando sobre crianças recém‑nascidas. Apenas as crianças cujos pais pagassem tal imposto seriam ensinadas a ler e escrever e teriam permissão de freqüentar a escola. O imposto poderia ser pago a qualquer tempo da vida da criança (juntamente com os juros acumulados).
O PLANO MALDEQUIANO DE CONTROLE TOTAL DO SISTEMA SOLAR (n.t. E a origem dos problemas que ainda hoje enfrentamos em nosso planeta. Percebam a semelhança na forma de implantar um sistema de controle GLOBAL).
Descobri que durante minha ausência as coisas haviam mudado drasticamente na Terra. Alegando que os nodianos representavam um grande perigo para a Terra e seu povo, os maldequianos declararam lei marcial em todo o planeta. Suspenderam as atividades do Governo do Conselho de Anciãos da Terra (não existiam países naquele tempo) e dizia‑se que os templos seriam fechados aos que não pudessem comprar um passe. Centenas de milhares de krates e mercenários de outros mundos tinham sido trazidos para a Terra. Os assim chamados novos impostos seriam usados para sustentar os “protetores”. Apenas as instalações maldequianas dispunham de energia elétrica.
Qualquer pessoa da Terra que entrasse em contato ou tratasse com alguém de outro mundo que não constasse da lista maldequiana de amigos seria imediatamente preso, e depois, publicamente executado. Uma das coisas que realmente enfureciam meu tio era que os maldequianos queriam que ele tocasse sua fazenda com trabalho escravo. Os escravos eram gente que havia violado alguma regra maldequiana ou que não tinha meios de pagar alguma multa ou imposto ridículo. Meu pai me disse que mais da metade das pessoas que ele conhecera desde menino eram agora escravas dos maldequianos. Dizia‑se também que quando a “ameaça nodiana” passasse, essa gente estaria livre para seguir com suas vidas como antes. Os maldequianos proclamavam que eram medidas de emergência implementadas apenas para fazer frente ao perigo incerto.
Sei agora que esses atos cruéis eram, na verdade, um programa de 315 anos maldequiano para controlar totalmente a Terra e escravizar os seus habitantes nativos. A presença de nodianos no sistema solar fez com que desistissem de seu plano original em favor de um controle gradual, acelerando‑o antes que os nodianos tivessem chance de descobrir e contar o segredo a nós ou a outros povos deste sistema solar, que os maldequianos planejavam derrotar no futuro. Uma semana depois de minha chegada à fazenda de meu tio, aterrissou um carro aéreo trazendo o simm Rubdus. Trouxe‑me uma mensagem de Cro‑Swain, que era agora o ditador militar maldequiano da região. A mensagem, escrita no alfabeto maldequiano (que ele sabia que eu podia entender agora) oferecia‑me um emprego de tradutor na terra de Mir (Egito). Eu seria muito bem pago por meus serviços e seria dispensado do pagamento de qualquer imposto sobre meu filho que estava para nascer. A oferta de Cro‑Swain foi um dos assuntos tratados na reunião mais tarde naquela noite.
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