Serie De Ficção Cientifica Brasileira: A nossa vida é repleta de magia quando entendemos, e unimos a nossa sincronicidade com o todo. “A Harpa Sagrada” inicia-se numa serie de revelações onde o homem tem sua essência cravada no sagrado, e o olhar no cosmos aspirando sua perfeição.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Os Geminídeos estão chegando


Durante seu percurso em torno do Sol, a Terra atravessa diversas trilhas de destroços deixados por cometas, vagando em suas órbitas em torno do Sol também. Todas as vezes que isso acontece, temos uma chuva de meteoros, ou seja, a Terra vai “varrendo” pequenos pedaços deixados pelos cometas e eles são destruídos com o atrito ao entrarem na atmosfera. É bem verdade que alguns deles sobrevivem e chegam à superfície, mas a grande maioria se queima, dando origem às populares estrelas cadentes.

Agora, entre os dias 13 e 14 de dezembro, teremos o máximo da chuva conhecida como Geminídeos. Essa chuva está associada, não a um cometa comum (que são quase todos verdadeiras bolas de gelo sujo), mas sim a um estranho objeto, chamado 3200 Phaeton.
Esse objeto foi descoberto em 1983 pelo satélite infravermelho Iras, da Nasa, que fez história produzindo o primeiro mapa do céu inteiro em comprimentos de onda do infravermelho. Essa faixa do espectro, estudada pelo Iras é absorvida principalmente pelo vapor d’água e gás carbônico da nossa atmosfera. Assim que ele foi descoberto e os elementos de sua órbita foram obtidos, ficou claro que seria o Phaeton a origem dos Geminídeos. Mas, tudo nesse objeto sugere (ao menos até agora) que ele é um asteroide e não um cometa!
Na verdade, 3200 Phaeton mais se parece um “naco” de 5 km que se desprendeu do asteroide Pallas de 544 km de tamanho. Se realmente o Phaeton é “só” um pedaço do Pallas, os destroços capturados pela Terra que evaporam em nossa atmosfera são pedacinhos de rochas que se desprenderam quando os dois se separaram. Ou seja, os Geminídeos têm como origem um asteroide e não um cometa. A estranheza nisso vem do fato de que é muito mais fácil que pedaços de gelo se despedacem do que pedaços de rochas. Basta que a temperatura suba algumas dezenas de graus para o gelo se evaporar e nesse processo, fragmentar o núcleo. Em princípio, asteroides não deveriam originar chuva de meteoros.
Uma outra possibilidade é que 3200 Phaeton poderia ser um cometa rochoso, uma classificação proposta recentemente para descrever asteroides que se aproximam muito do Sol e que produzem destroços por causa do aquecimento intenso de sua superfície.
Para verificar essa hipótese, um time de astrônomos liderado por David Jewitt e Jing Li, da Nasa, usaram os satélites Stereo, de estudo do Sol, para observar uma passagem do Phaeton nas proximidades do Sol, a apenas 21 milhões de km dele. Os dados dos satélites mostraram que o Phaeton dobrou de brilho durante essa passagem, o que poderia indicar uma fragmentação das camadas mais externas do asteroide. Com a dilatação térmica e a destruição de minerais hidratados, haveria uma forte ejeção de material particulado, desde poeira a pedaços maiores de rochas. Os dados do Stereo mostram que esse asteroide é mesmo um cometa rochoso.
Entretanto, segundo estimativas da equipe que estudou o comportamento desse objeto, a quantidade de material ejetado não seria suficiente para manter o reservatório de meteoroides que originam uma das mais intensas chuvas de meteoros. Nesse evento, apenas 0,01% da massa total de destroços foi adicionada ao reservatório. Muito pouco. Uma hipótese é que no passado, esse processo todo de fragmentação e ejeção de material teria sido muito mais eficiente.
À parte essa discussão toda, a Terra já está cruzando a trilha do Phaeton e observadores atentos poderão notar um aumento no número de meteoros riscando o céu. Na madrugada do dia 13 para 14 de dezembro, essa atividade deverá atingir o seu máximo, quando a taxa prevista de ocorrências deverá atingir 100 meteoros por hora.
Mas é assim: essa é uma taxa teórica, para observadores em ambientes totalmente escuros, que tenham o radiante no zênite, ou seja, sobre suas cabeças. Quem observa o máximo de uma chuva de meteoros, pode notar que todos eles parecem se originar de um mesmo ponto do céu, esse é o radiante de uma chuva de meteoros que recebe o nome da constelação em que o radiante se encontra. Nesse caso, como o radiante está em Gêmeos, a chuva é chamada de Geminídeos.
Para observar uma chuva de meteoros não é preciso nenhum equipamento especial, no máximo uma cadeira de praia para evitar um torcicolo no dia seguinte. Procure um local escuro (sobretudo seguro) e comece a olhar por volta das 22h30 na direção nordeste, pode ser hoje mesmo. Procure pelas Três Marias (que compõem o Cinturão de Órion) e desça na vertical na direção do horizonte (no lado direito da imagem abaixo). Não é preciso localizar o ponto exato, apenas olhar na direção da constelação. Os meteoros devem cruzar o céu todo, mas olhando na direção de onde eles vêm fica mais fácil.
O melhor está previsto para a alta madrugada, quase o nascer do dia 14, mas assim como já podemos ver mais meteoros que o habitual antes dessa data, poderemos ver alguma coisa assim também depois dela. Como a Lua estará na fase nova, podemos esperar (em locais escuros) algo como um ou dois meteoros a cada dois minutos.
Então é esperar por tempo bom e madrugar!

Nenhum comentário:

Postar um comentário