Serie De Ficção Cientifica Brasileira: A nossa vida é repleta de magia quando entendemos, e unimos a nossa sincronicidade com o todo. “A Harpa Sagrada” inicia-se numa serie de revelações onde o homem tem sua essência cravada no sagrado, e o olhar no cosmos aspirando sua perfeição.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A beleza única do universo individual

A beleza única do universo individual




A expressão da vida demonstra que a harmonia é um fenômeno manifestado a partir da diferença. Esta é a mensagem fundamental subjacente à essência da natureza universal. No universo nada é igual a nada. Ao observarmos a vida, perceberemos que a mesma se comunica conosco através do funcionamento das coisas. O universo se expande e se torna cada vez mais exótico e infinitamente belo, a partir do surgimento de novas estruturas cósmicas, cada uma portando sua diferença e miraculosamente contribuindo para o funcionamento harmônico do cosmos. Vemos o desenvolvimento das espécies sendo estimulado pela diversidade, criando novas e diferentes formas de vida, que juntas, compõem a estética natural do ecossistema. Dos corpos cósmicos até a vida natural, propaga-se o eco de que a harmonia se expande quando a diferença se expressa. De todas as espécies, talvez sejamos a única cujos seus integrantes, desrespeitam e menosprezam suas diferenças. Imagine um leão tentando ser um elefante? Ou uma rosa revoltada por não ser uma margarida? Estamos sempre tentando nos tornar aquilo que não somos, pois assimilamos a idéia de que é preciso ser alguma outra coisa para correspondermos à expectativa do meio. É muito comum ouvir os pais dizerem aos seus filhos e, certamente você também já ouviu de seus genitores, a seguinte frase: “ Você precisa ser alguém na vida....” como se já não fôssemos e não tivéssemos uma expressão própria. É incrível perceber como a qualidade de ser sempre esteve diretamente ligada a um esquema mental, através do qual esquecemos de nós mesmos para tentarmos ser igual aos outros.

Assim como o universo possui uma estética cósmica e a natureza uma estética natural, nós, seres individuais, possuímos uma estética intrínseca. Somos dotados de uma constelação de forças ou de funções que se auto-organizam de acordo com a nossa singularidade. Este arranjo constitui uma beleza interior sem igual, determinando o nosso temperamento e uma forma de ser, de sentir e de funcionar única e rara. Quando aprendemos a promover a nossa estética interior ao invés de contê-la ou negá-la, naturalmente entramos em alinhamento com a harmonia universal. Isto é, sempre que ficamos no fluxo da nossa diferença, entramos no fluxo da diferença no universo, nos conectando ao movimento da ordem cósmica geradora de equilíbrio. É como se magicamente encontrássemos o nosso “lugar” no universo; pois, para cada expressão diferente, há um lugar único no universo “esperando” ser preenchido por ela. Muitos são os sintomas que surgem para nos alertar de que estamos entrando ou persistindo no contra-fluxo do Ser, levando ao comprometimento da estética interior. Tais sintomas surgem, a princípio, no nível psicológico e pode alcançar o nível de somatização de doenças. As doenças são um bom exemplo de sinais que indicam que algo incompatível a nossa natureza está presente em nós.

Poucos são aqueles que descobrem o poder da diferença. Tal poder é o poder vital. Está em tudo e em todo lugar e é facilmente evocado por aqueles que se tornam canais da vida. Ser um canal da vida é um passo que poucos dão, pois implica numa atitude de assumir-se por inteiro, isto é, Ser verdadeiramente o que se sente internamente. Apesar de ser uma atitude simples, seu efeito é profundamente transformador em nossa realidade. O fluxo de mudança desencadeado por tal atitude, a priori, pode ser chocante, uma vez que, muitas das estruturas mentais e existenciais que foram construídas a partir de uma dependência emocional a um modelo que nos força a não sermos nós mesmos, colapsarem. Não raro, uma inversão existencial emerge em meio a uma onda de desilusões, de dores emocionais, de quebra de estabilidade em todos os sentidos, como num parto em que o feto é tirado de um ambiente confortável sentindo a dor física e emocional do abandono da estabilidade do meio, o útero materno, o qual acreditava ser o seu ambiente ideal. O encontro com a verdade é doloroso quando a nossa identidade com a ilusão é profunda. Por mais dolorosa que seja a desilusão, a recompensa da vida é inestimável: o poder que habilita o domínio da existência, o poder de ser Real.

O poder da realidade é um poder que existe intrinsecamente, pois somos mais reais para nós no nosso universo interno do que no externo. Mesmo ao fazer uma escolha para agradar as pessoas, internamente sabemos qual é a escolha melhor para nós. Tal poder começa a fluir, no momento em que percebemos e promovemos a nossa estética interior.

A percepção da estética interior é a percepção da beleza do Ser. Aprender a assumir a nossa diferença é o passo fundamental para começarmos a sentir a beleza interna. Sempre que nos sentimos belos internamente entramos no estado de força. Nos sentimos aptos, capazes, confiantes e corajosos para desenvolver a vida com graça. Da mesma forma, quando permitimos que nossa estética interna se desarranje, nos sentimos “feios” internamente. Nesses momentos dizemos: “Estou me sentindo péssimo...” O interessante é que, quando fazemos tal afirmação, estamos tentando dizer para nós mesmos que por alguma razão nosso ambiente interior está feio. E obviamente, isto nos levará ao estado de esforço, à ausência de força, de motivação, de leveza e de graça

O que leva ao comprometimento da estética interior é a penetração de parâmetros, valores, normas no nosso espaço interno, que imprimem uma pressão de organização sobre as forças que nos constituem. Pressão esta, que nos força a assimilar o igual, que nos obriga a fazer parte de um padrão, normatizando-nos no desequilíbrio. Baseado nisso, podemos definir o desequilíbrio interior como um estado em que algo incompatível a nossa estética interna persiste. Felizmente a deformação da estética interior é sempre superficial e temporária, podendo ser revertida. O processo de reversão requer, a priori, a conscientização de que fazemos parte de uma beleza maior e como parte, possuímos um exotismo e uma diferença que devem ser profundamente respeitados e promovidos.O segundo ponto implica em enfraquecermos tudo aquilo que nos pressiona e que nos obriga a subestimar-nos em prol de uma normalidade. A impressão interna de que há algo de errado conosco deve ser dissipada. Não possuímos defeitos e sim funções naturais que se encontram deformadas por uma carga de conceitos mentais com os quais, sem nos darmos conta, nos mantemos identificados.

Há um universo fantástico em nós pronto para emergir se tivermos a ousadia para neutralizar a influência desintegradora oriunda das nossas próprias “cabeças”. Ouvimos e não questionamos os discursos impostos por uma mente condicionada a negar o belo em nós. Grande parte dos pensamentos que constituem toda a noção que temos de nós e da vida são, além de desnecessários, altamente destrutivos e “coagulados”. E o mais curioso, é que tais pensamentos não foram produzidos em nós, são estruturas mentais viciadas que circulam na mente coletiva e que indiretamente aprendemos a nos conectar e a reproduzir. Isto significa que, se não rompermos com a influência de tais pensamentos limitadores, continuaremos encarcerados em nossas cabeças, contribuindo psiquicamente para um mundo desgraçado. A ausência de graça no mundo é a ausência da emanação da estética interior do Ser no exterior.

É importante frisar, que há intrinsecamente na consciência humana, a tendência de fluir com leveza, de viver com plenitude e com muita “cor”. É a mesma tendência que se tornava ato nas crianças, seres com baixa influência mental. Éramos 100% nós mesmos no choro ou na alegria, na atividade ou no sono. Fluíamos com uma beleza invisível estampada nos olhos. Olhos que não eram ofuscados pelo véu da negação de si mesmo. Manifestávamos o mais puro entusiasmo e a mais pura explosão de vida. Éramos espiritualmente efervescentes. Fazíamos tudo com o espírito, pois ainda não havia os outros e o mundo dentro de nós. Nosso espaço interior era puramente amplo.

Ainda Podemos retornar a este estado, incrementado por uma lucidez maior e impregnado por nossa estética interior livre de deformação. Este é o momento. Agora! O momento de assumirmos realmente a responsabilidade pelo nosso espaço interior e habitarmos o ambiente do Sagrado, habitar sem deixar nada entrar, ficarmos apenas conosco nesta fortaleza de solitude interior e expandirmos a beleza que há em nós para todo o universo. Sabemos como fazer, pois um dia fizemos. Só precisamos do primeiro ato que nos conecta com a força do belo no universo, que é a nossa força. E este ato é assumirmos sem titubear a nossa diferença, isto é, liberar o canal para a essência fluir.

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