Serie De Ficção Cientifica Brasileira: A nossa vida é repleta de magia quando entendemos, e unimos a nossa sincronicidade com o todo. “A Harpa Sagrada” inicia-se numa serie de revelações onde o homem tem sua essência cravada no sagrado, e o olhar no cosmos aspirando sua perfeição.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

“Quando os homens alcançarem um olhar justo, estaremos vivendo num mundo perfeito”. (A Harpa Sagrada)

Mais um trecho do primeiro volume da serie: A HARPA SAGRADA



Esclarecimentos:
   No Mundo da Harpa Sagrada, existem sete Tocadores Oficiais, entre homens e mulheres, e cada um representa uma frequencia das sete notas musicais. Eles são incumbidos de enviar a Terra melodias especiais através de suas flautas. Essas melodias ajudam a elevar a essência das criaturas.
    Por conta de várias reviravoltas no mundo da Harpa Sagrada, o Tocador Oficial da cura “Polidór” foi escolhido para vir ao planeta Terra à procura dos sete FUTUROS Tocadores Oficiais, para conduzi-los ao seu mundo no intuito de substituir os atuais. 
Polidór chegou na Terra, fora da cristalina Pirâmide Interdimensional, portanto longe do alcance de Velga, seu único contato. As criaturas terrenas não têm conhecimento do Mundo da Harpa Sagrada, nem da importancia dos Tocadores Oficiais, assim para todos Polidór é um desconhecido qualquer. Ele passa por muitas aventuras e muita emoção até encontrar com Velga. 
 Abaixo um dos acontecimentos.

Obs: O jornalista Paulo de Tarso é o narrador da história, ele está sendo conduzido há 16 anos no passado, por um acompanhante misterioso chamado Zamorim. Como meros expectadores de um tempo que já ocorreu, os dois não são visto pelas demais pessoas...

    ...
     O som alto continua a tocar um rock pesado. Os gritos da multidão, mais que entusiasmada, aumentam.
     Assustado, Polidór tenta se afastar do meio da multidão.
     − Deixe-me sair – pede.

    Já do lado de fora, respira aliviado. Depois, sai correndo pela calçada. Seu único desejo é ir para bem longe daquele lugar. Uma patrulha policial, fazendo a ronda, observa o desespero do Tocador e o faz parar. Os policiais descem da viatura e um deles diz:
    − Ei, você, pare aí! Devagar, de costas, encoste as mãos na parede.
   Por que está correndo?
   Polidór, cansado, não se vira para a parede e fala assustado para o policial:
    − São Tocadores Profanos. Eles estão tocando para uma multidão enlouquecida.
    O policial olha para seu companheiro, com ar de curiosidade, e diz:
    − Ah... Deve ser o conjunto de rock. Escute...
   Eles permanecem alguns segundos em silêncio e o som do rock pesado pode ser ouvido, junto com muitos gritos.
    − Ah, mas por que corre? Não gosta de música? − pergunta o outro policial.
    − Gosto! Mas só de músicas que ajudam as pessoas a se harmonizar, se elevarem. Não desse tipo de som discordante.
    − Sabe, cara, gostei de você; tem boa aparência. Concordo com você, em relação a esse tipo de música. Por isso, vou deixá-lo ir, sem maiores perguntas.
   − Vocês precisam de algo? − pergunta Polidór.
   − O quê? Pergunta se precisamos de algo? Como assim, quer nos subornar?
   − Quero saber... Precisam de saúde, de curas?
   − Espere... Espere, você disse cura? A filha deste meu amigo está desenganada, com câncer. Pode ajudá-la? – um deles diz.
   − Certamente – o Tocador responde. − Feche os olhos e pense nela.
   O policial faz um sinal para o amigo, que o olha com incredulidade.
    − O que custa? Faça o que ele pede. Toda ajuda deve ser bem-vinda. Além do mais, ele detesta rock, como nós.
     − Está bem, mas faço isso por minha filha. E você, fique de olho nele.
    O homem fecha os olhos e Polidór começa a tocar sua flauta.
    O policial sente-se bem. Seu corpo parece flutuar, embalado pela suave melodia. De repente, ele entra em uma densa neblina. Eu e Zamorim estávamos participando também de toda aquela situação.
   A neblina vai se desfazendo aos poucos, e o policial se vê percorrendo os corredores do hospital onde sua filha está internada.
Acha estranho, porque parece estar numa dimensão à parte, dentro de um outro espaço-tempo. As enfermeiras e os médicos falam, mas os sons das vozes e o ruído das macas são carregados de ecos. As pessoas não o enxergam.
    A única coisa que o mantém conectado à realidade é o som da melodia tocada pelo flautista.
   Confuso, o policial chega ao quarto onde está sua filha de dez anos.
    Eu o seguia junto a Zamorim, e quando entramos no quarto, percebi que se tratava de uma ala infantil, onde se encontram várias crianças, muitas em estado terminal.
    Comecei a andar entre os leitos, e me afligi ao ver aquelas criaturinhas ali, se desfazendo em seus últimos suspiros. São meninas e meninos, muitos totalmente carequinhas, ligados a aparelhos. Alguns já trazem em seus olhos umedecidos um brilho diferente, como se estivessem sendo conectados a uma outra dimensão, para onde deverão partir. Outros, com semblantes marcados pela dor com feridas horriveis, dormem com certeza a poder de drogas fortes para aliviar suas dores.
   Seus sonos são interrompidos em pequenos intervalos, entremeados a gemidos baixinhos que escapam de seus pálidos lábios.
    Diante minha consternação Zamorim diz.
    − Paulo na Terra, alguns iluminados abrem campos de pesquisas para os cientistas, mas estes seguindo ordens, ou presos na materialidade do que julgam ser a verdade, não enxergam o obvio. A cura para esses e outros problemas de saúde, como a renovação dos organismos gastos, ou debilitados, se encontram abundantes na estrutura, ou composição atmosférica como: o nitrogênio, o ozônio, o vapor de água, oxigênio, dióxido de carbono e etc,. Esses em proporções certas, curam enfermidades, e ainda poderão, quando ocorrer a grande mudança orbital, ajustar na transmutação fisiológica das criaturas terrenas, permitindo que essas habitem livremente um novo mundo. Também os cristais de gelo, aplicados na hora e de forma certa podem até trazer pessoas mortas, de volta a vida.
    Eu guardei aquelas importantes informações passadas por Zamorim, mas não dei sua devida importancia naquele momento, por que Polidór se aproximou da filha do policial, que estava muito pálida. Ela se encontra deitada, trazendo, como muitas outras, algumas falhas no cabelo, e ligada a aparelhos. Polidór se encontra de pé ao lado da cama, e depois, caminha entre os demais leitos. Ele toca e uma quantidade imensa de gotinhas douradas, como uma chuva misteriosa, caem do teto, sendo absorvidas pelos corpos das crianças. Logo, elas parecem acompanhar o som da melodia, respirando profundamente.
Além da respiração, suas feições também se transformam e, aos poucos, ficam mais coradas. Polidór sai do quarto e sua música vai ficando cada vez mais distante. O policial continua observando a filha que, agora, se mexe devagar, espreguiçando-se. Eu olhei em volta e percebi que todos os pequenos pacientes fazem o mesmo, como se despertassem de um longo sono; até aqueles com olhos que pareciam fitar o vazio, recuperam a vivacidade. Neste instante, a filha do policial abre os olhos. Tanto ele como eu nos assustamos, e logo estávamos na rua, mas Polidór não estava mais ali.
    − Onde está o flautista? – pergunta o policial, pai da menina, ainda sobressaltado.
   O outro policial, que observava a tudo admirado, aponta para a sua direita.
    − Ele foi por ali, e se perdeu na multidão.
    − Companheiro, nunca vivi situação tão estranha e, ao mesmo tempo, tão real! Vamos até o hospital. Preciso ver minha filha... Tenho certeza de que um grande milagre acabou de ocorrer!
   Os dois se olham em silêncio durante alguns segundos, entrando em seguida no carro de patrulha e, com a sirene ligada, saem às pressas, seguindo na direção contrária à que o Tocador tomou.


“Quando os homens alcançarem um olhar justo, estaremos vivendo num mundo perfeito”. (A Harpa Sagrada)

Alguém duvida disso?

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